REFLEXÕES DE UM GATO

É tão bom ser um gato, dormir num cesto de vime forrado com almofada de cetim e ser mimado pela menina Dorinha. Ela me conta histórias de bichos, de princesas e bruxas más quando, à tardinha, eu estou no seu colo refestelado.

É bom demais ser um gato, ter um amigo cachorro para eu apostar corrida pelo imenso quintal. Às vezes eu fico irritado com o carinho do cão. Ele vem e me lambe a cara, abocanha meu rabo só para me tirar da soneca de depois do almoço. Aí eu fico todo eriçado, dou um rosnado forte deixando minha dona brava que me diz:

- Psiu, amigos não brigam...

Eu vejo muita verdade nas palavras da menina e saio para brincar de pegador com Apolo, o cãozinho poodle de seis meses. Depois de muitas traquinagens, subo no muro do quintal e ele, ganindo tristinho, pede para eu descer.

Depois de alguns minutos eu faço a sua vontade e ganho muitos abraços e lambidas da bolinha branca de pêlos, meu amigo do peito.

Depois de tanta brincadeira, ficamos muito cansados e recebo um gentil convite do amigo Apolo para com ele eu descansar no seu macio colchão que fica no quarto de Dorinha. Lá chegando ele me oferece seus brinquedos. Uma bolinha vermelha, um boneco azul que apita, um osso de material sintético, um pequeno sapato e tudo que estiver por ali. O cansaço fecha nossos olhos. Dormimos lado a lado, cão e gato, até que nossa dona chegue e nos acorde carinhosa:

- Apolo e Tom, já cheguei da escola. É hora do jantar.

E passa a mãozinha sobre nossas cabeças despertando-nos dos sonhos caninos e felinos. Por isso é que eu digo, crianças: é tão bom ser um gato, é tão bom ser amado.

10/02/07.

(histórias que contava para o meu neto).