O MENINO E A BORBOLETA
O MENINO E A BORBOLETA
O menino andava pelo parque. Era o seu passeio vespertino, sempre acompanhado, vez por sua mãe, vez por sua babá, que o deixavam um pouco sozinho, ao alcance da vista. Chamava-se Luigu, tinha apenas 5 anos e encantava-se com as belezas naturais ao seu redor: muitas árvores, lindas plantas, belas flores, verdes gramas, o som harmonioso do cântico dos pássaros. Pensava, com seus “pequenos botões” quem poderia ter criado assim tanta beleza, a transmitir tanta paz e tanta harmonia; e, mesmo sendo ainda tão tenro, vinha-lhe à mente as palavras de sua mãe, que lhe falava sempre de um Ser Supremo, cheio de bondade e amor, que era também o Criador de todas as coisas.
Essas lembranças, aflorando em tão pequenina mente, foram entrecortadas por um voo rasante e delicado: era uma linda borboleta, de cores vivas e vibrantes.
Luigu, separado a certa distância de sua mãe, que o acompanhava na ocasião, parou, olhou inocentemente, assim meio sem muito espanto, quando ouviu uma doce voz, que o cumprimentou.
Iniciou-se assim, o pequeno diálogo de O Menino e a Borboleta.
- Bom dia. Disse ela.
- Quem é você? Perguntou Luigu.
- Eu sou a Borboleta, ora! Você não me conhece?
- Não. Disse ele.
- Mas eu te conheço muito bem, acudiu a Borboleta.
- Como assim? Interpelou o menino.
- É que eu tenho observado que todas as tardes você passeia aqui pelo parque. E até estou um pouco triste por você não ter me notado ainda...
- Ah! Borboleta, não fique assim. Agora que nos conhecemos, todas as vezes que eu vier ao parque, vou te procurar pra gente conversar.
- Como você se chama? Perguntou a borboleta.
- Meu nome é Luigu e o seu?
- Muito prazer, Luigu, meu nome é Aladinha.
- Mas porque esse nome? Perguntou Luigu.
- É que eu sou muito pequena e tenho pequenas asas.
O tempo foi passando e Luigu estava cada vez mais encantado e absorto naquele diálogo, que lhe era tão interessante e singular. Talvez até o primeiro de sua pequenina vida. Sua mãe, que não o perdia de vista, observava atenta e até procurava ouvir as palavras de seu filho, que conversava, de forma descontraída, com aquele pequeno e lindo ser alado, já que, inexplicavelmente, apenas Luigu podia ouvir a voz de sua mais nova amiguinha.
- Quantos anos você tem? Perguntou Aladinha.
- Tenho 5. E você? Quis saber Luigu.
- Ah! Esse assunto me estressa... Disse ela.
- Por quê? Rebate Luigu.
- É que nós, borboletas, vivemos apenas três meses e as que conseguem viver muito tempo, só vão aos três meses e meio.
- Que pena! Agora entendo o motivo de seu stress. Concluiu Luigu.
- Não Luigu! Você não entendeu muito bem. Consertou Aladinha.
E continuou:
- O meu stress não é por viver tão pouco tempo e sim por termos tão pouco tempo para encantar as pessoas com nossas cores, nossos vôos e nossa trajetória de vida.
E acrescentou:
- O que importa, na verdade, não é quanto tempo de vida iremos viver, e sim o que poderemos fazer durante esse tempo, de forma a sermos felizes e tornarmos os outros também felizes, marcando a nossa passagem pela vida, com muito e amor e dedicação.
Luigu estava totalmente envolvido pelas tão doces palavras de Aladinha, que nem se deu conta que o sol já se punha, e que sua mãe, que se aproximava, o chamava para retornarem para casa.
- Luigu, Luigu! Vamos, meu filho. Chama sua mãe.
O encanto daquele mágico e inocente diálogo foi interrompido. Luigu se dá conta de que sua mãe o chama e, num último relance, vê Aladinha que se afasta, oferecendo-lhe um lindo balé alado e ele, numa singela demonstração de ansiedade, grita para Aladinha:
- Nós nos veremos novamente?
- Sim! Até que os meus dias se findem, estarei aqui todas as tardes, para conversarmos e alegrar o teu pequenino coração.
Luigu foi tomado pela mão, por sua mãe e Aladinha desapareceu por entre as flores do parque.
Criação, Edição e Ilustração do Vovô Maurício para o neto mais lindo do mundo: Luiz Gustavo.