O CASO DOS BOMBONS
Mãe e filho caminhavam
Por uma rua central.
Atrás dos dois, eu seguia,
Ouvindo aquela homilia
Que a dona pregava ao tal.
– Menino, chupe o bombom.
Você faz é mastigar!...
Assim o bombom se vai.
Só tem dinheiro o seu pai,
E donde que eu vou tirar?
E o garoto, lá, de novo,
No piso da mãe cobrava
Mais balas para os seus dentes.
Com palavras insistentes,
O menino resmungava:
– Mãe, eu quero mais bombom!
‘Tou chupando e não mastigo.
É tão macio, tão bom,
O diacho desse bombom,
Que na boca dá perigo.
Na Floriano Peixoto,
A mulher lá mais à frente,
O guri cá, bem no meio;
Eu atrás, no meu passeio,
Já com jeito sorridente.
– Não tem dinheiro que chegue.
Só chupe os bombons, menino!
Você remói os coitados.
E já gastei meus trocados.
Ai, calor... Que sol a pino!
Outra vez, pra meu deleite,
Do petiz a voz na rua
Berra à mãe, já tão aflita:
– Só chupar balas me irrita.
Que cabeça dura a sua!
– Economize os bombons!
Bombom é para chupar.
Você é feito moenda,
E não sou dona de venda...
Chupe os bombons devagar!
Ao que remata a criança:
– Me dê só um caramelo!
Garanto... Não vou morder;
Não vou de novo comer.
E eu sou menino amarelo?
Esse caso dos bombons
Comidos por um petiz
Eu vi com estes meus olhos.
Se balas houve aos molhos,
Menos eu fora feliz.
Fort., 21/04/2012.