AQUI JAZ...
Um dia eu fui ao cemitério da cidade levar flores aos mortos e fiquei emocionada com o que encontrei lá.
Em um cantinho quase “desabitado” vi uma minúscula sepultura. Tão pequena que não sei nem mesmo como consegui perceber.
Precisei me abaixar para olhar com atenção.
Na pequenina lápide só pude ler as seguintes palavras da inscrição feita com tinta preta:
Aqui jaz
Foi impossível continuar a leitura, porque o pequeno pedaço de mármore branco estava muito sujo de barro seco.
Tentei limpar com os dedos, mas não consegui. Estava muito seco.
A curiosidade cresceu dentro de mim, como acontece com todas as crianças... e com os adultos também, aposto!
Levantei, girei rapidamente nos calcanhares e corri até minha casa. Peguei um pano, molhei e voltei correndo mais ainda.
Com o pano molhado limpei com cuidado a lápide tão pequenininha.
- Pronto! – Sorri satisfeita.
Olhei com atenção as letrinhas tremidinhas. Não tive dúvida de que a frase tinha sido escrita por uma criança no início de sua vida escolar. Bem menor do que eu que já estou com 10 anos. Observei pela insegurança da caligrafia. A leitura se tornava ainda mais difícil por serem as trêmulas letrinhas muito pequenas, devido ao tamanho da lousa. Mas, com paciência, acabei decifrando a infantil e singela inscrição que dizia:
Aqui jaz Bentinha - minha querida e saudosa
formiguinha. Um dia a gente se encontra no céu.
Terminei de ler com um nó na garganta, os olhos cheios de lágrimas e o coração apertado.
* Texto do meu livro infantil: Planeta Terra - Mundo de gente feliz, publicado pela Editora Agbook/SP