A TROMBA DO ELEFANTE
Num tempo muito distante, os elefantes não possuíam tromba como os de hoje. Tinham um nariz curto e redondo e eles só podiam comer o alimento que encontrassem no chão. Às vezes eles olhavam para as árvores, só olhavam porque não tinham como alcançar frutos ou folhas novas dessas árvores. Como seria bom comer diretamente das árvores sem precisar sujar o nariz de terra, pensavam os elefantes mais velhos. E assim iam vivendo os elefantes de nariz curto e redondo.
Anos depois, nasceu um elefantinho. Todos correram para ver o bebê. Ele era igualzinho aos outros, nariz curto e redondo. A mãe, orgulhosa do seu filhote disse:
- Um dia meu filho fará a diferença. Dele nascerá uma nova raça de elefantes.
As outras mamães elefante riam dela e diziam que era maluca talvez cega. Que raça diferente poderia vir daquele elefantinho de nariz curto e redondo igualzinho a qualquer outro? Pergunta uma mamãe elefante que teve seu filhote levado por caçadores. O bebê elefante cresceu um pouco e como toda criança era curioso demais. A mãe o cercava de cuidados, mesmo assim ele escapava e se embrenhava pela mata cheirando tudo que encontrava pelo caminho.
Foi numa dessas escapadas que o bebê elefante se viu diante de uma árvore enorme. Olhou para cima. Quanta folha nova verdinha. E aquelas bolas amarelas? Que seriam? Frutos! É isso. Ele já as vira pelo chão todas sujas de terra ou esmagadas pelas patas dos bichos. Lembrou-se da recomendação da mãe para que não as comesse. Aquelas frutas amarelas nos galhos da árvore despertou seu apetite. Alcançá-las como? Elefante não sobe em árvore. Então ele pôs as patas dianteiras no tronco da árvore e balançou do jeito que seu pai fazia. A árvore nem se mexeu. Ele tentou com a testa, nada. Uma coruja, que estava no alto da árvore, disse rindo:
- Você é só um bebê e esta árvore tem mais de 300 anos. Volta para sua mãe, criança, isso é coisa para elefante adulto.
O bebê elefante, ainda olhando para as folhas tenrinhas e os frutos amarelinhos, desejou de todo coração.
- Eu queria ter um nariz bem comprido para chegar até onde está a frutinha amarelinha, pois de água se enche a minha boquinha.
E a voz subiu para o céu indo além das estrelas onde morava a deusa dos desejos. Ela olhou para baixo e viu o filhotinho com as patas dianteiras apoiadas no tronco da velha árvore olhando para o alto. Parecia estar em estado de graça. A deusa ficou comovida com a inocência do bebê. Abrindo os braços e flutuando no espaço ela profetizou:
- Assim será, bebê elefante. De hoje em diante teu nariz será comprido e se chamará tromba.
E o nariz do bebê cresceu. Cresceu tanto que ele alcançou uma folha verdinha do primeiro galho da velha árvore. Ele voltou para casa o mais rápido que pôde. Depois desse acontecido, nunca mais nasceu um elefante de nariz curto e redondo. O bebê fez a diferença como disse sua mãe. Dele nasceram todos os elefantes de tromba.
10/03/12
(histórias que contava para o meu neto)