MOSQUITO DE SAIA?
Joãozinho já é conhecido por suas perguntas sem pá sem cabeça. De vez em quando apronta e deixa o pessoal de cabelo arrepiado. Mas por ser ainda criança ( ôpis, ele diz que é um adolescente). Ok. Mas por ser um adolescente a família vai perdoando, dissimulando, remediando etc.
Joãozinho tem apenas dez anos! Adolescente, hem? Nem voz de galo garnisé tem! Também não está na fase de sapo. Ainda parece um príncipe. É fato que algumas espinhas estão aparecendo na testa. Mas essas estão bem escondidinhas debaixo da franja.
Mas vamos ao episódio do mosquito. Sua mãe foi nocauteada pela dengue. E Joãozinho quando viu a mãe desfiando em cima da cama, sem querer brincar com ele; o pai ficando muito tempo em casa ( as reclamações e exigências duplicaram) , então a cabeça do menino entrou em parafuso. Decidiu entrar em campo de batalha. Três ações seriam mereciam urgência: a primeira levar o pai a comprar uma raquete antidengue. Seria sua arma mortal!O pai comprou e se arrependeu desde o primeiro minuto de combate.
- Para com isso menino! Esse troço tá me enchendo a paciência.
- Mas pai, é pra matar as dengues que estão ‘chovendo’ aqui em casa.
- Não se diz ‘chovendo’, menino. Não tem como chover dengue. O que existe é gente irresponsável deixando vasilhames e outras coisas cheias d’água e os mosquitos ali se multiplicam invadindo as casas.
Joãozinho continuou com sua empreitada. A segunda seria fazer sua mãe sair da cama para trocar a água da piscina que estava bem sujinha e o pai ‘não tinha tempo’ para trocar. Ali, é que havia muito ‘martelinho’ e Joãozinho não ia dividir espaço com aqueles bichinhos. Quem sabe, uns poderiam entrar pela sua boca, outros pelos seus ouvidos, outros pelo seu...Uff! Não, a mãe tinha que ficar boa!
A terceira fase seria matar um mosquito com a raquete que fazia trac-trac (dava choque!). Todo cuidado era pouco. Queria levar uma muriçoca até o pai que só fazia cochilar na espreguiçadeira ou na rede.
Não demorou muito e o esperto Joãozinho pegou uma toda pintadinha. Correu para o pai e gritando de alegria foi logo dizendo:
- Pai!!! Peguei uma dengosa!
O pai ‘atarrentado’, escondendo a irritação por ter sido tirado da soneca, foi logo dando um jeito para se livrar do peralta.
- Mostre aqui esse mosquito. Menino, esse é macho! Não passa dengue coisíssima nenhuma. Quem passa é a fêmea.
O menino sai decepcionado e parecendo esquecer a caçada, vai brincar com seus carrinhos. Quatro dias depois, a mãe já de pé, começa suas tarefas lentamente, e a vida parece voltar ao normal. Estão todos assistindo ao Noticiário e Joãozinho sempre com a raquete na mão dá aquela espichada e plac.Som inconfundível de uma muriçoca fuzilada. Ele espia cuidadosamente, vai até a cozinha e volta com a defunta na mão.
- Pai!!! Agora peguei uma dengosa DE VERDADE!
- Que negócio é esse Joãozinho? – pergunta a mãe sem entender o entusiasmo do menino e o muxoxo do pai.
- Como é que você sabe que essa é a muriçoca que transmite a dengue, Joãozinho?
- Fácil – respondeu o menino. Aquela que lhe mostrei naquele dia não era um macho? Essa é fêmea!
- E como é que você sabe meu filho? – pergunta a mãe interessada.
- Porque observando bem, ela além de ser pintadinha está usando saia.
02/03/12