O CÃOZINHO FELPUDO

No meu peito o coração batia,

De alegria as mãos eu contorcia

Em saber que a caixa continha

O presente da minha vida.

Era branco, macio e tão peludo,

Olhos vivos muito inquietos.

Farejava tudo, lambia tudo,

Era o meu cãozinho Felpudo.

Cuidava dele com carinho.

Meu pai até fez um carrinho

Para eu levar ao parque

Aquela bolinha de pêlos

Que atendia aos meus chorosos apelos

Quando no quarto de castigo eu estava,

Por traquinagem ou desobediência.

Ele vinha dócil e com sua paciência

Ouvia, silencioso, as minhas queixas,

Lambia as lágrimas do meu rosto

Como a dizer: “pra quê desgosto?

O tempo leva tudo, nada deixa”.

Quando do castigo mamãe me tirava

A alegria na casa reinava.

Eu corria, cantava e pulava corda

Acompanhando Felpudo pela borda

Da velha piscina de forma ovalada.

Depois mergulhávamos na água tratada,

E nadando de uma extremidade a outra

Apostávamos quem era o mais rápido.

Com uma toalha branca eu secava Felpudo

Penteava seu pêlo com pente de tartaruga

Depois, com o espelho da vovó na mão,

Mostrava a sua carinha perguntando: “Gostou”?

De cinco hoje eu tenho dez anos,

E na alma uma esperança grande

De encontrar o meu cãozinho Felpudo

Levado por um velho barbudo.

19/01/07.