TALALÁ E O POMBO

Talalá era um menino esperto e que gostava de passear aos arredores de sua casa. Ele era filho de um vendedor de pássaro. Um dia de domingo, após tomar seu cafezinho com beju, foi passear no Morro do Heráclito. Lá encontrou um pequeno pássaro. O animalzinho tinha poucas penas e ainda não conseguia voar. Ao chegar em casa colocou-o em um cantinho com muito cuidado para evitar uma mordida fatal de risca-faca, seu gato de estimação. O pai do menino ficara muito feliz, pois acreditava que aquele era um pássaro cantador o qual poderia vender e ganhar dinheiro. Mas com o passar do tempo percebeu que o bicho não era nada o que ele imaginava.

-Filho, esse bicho é um pombo, não canta nada e não tem valor algum, coloque-o naquela velha gaiola e deixa as novas para os meus pássaros valiosos.

Talalá, embora não tenha gostado da idéia, colocou-o em uma gaiolinha que ganhou de seu avô. O menino colocava todo dia 50 grãos milho e 200 milímetros de água para a alimentação do bicho. Mas seu pai achou que essa quantia era desperdício de comida e falou ao filho:

-Talalá, não coloque mais tanta comida e tanta água para esse pássaro inútil. Ele não serve para nada.

O menino obedeceu a ordem do pai e passou a colocar só a metade do que antes colocava. O pássaro começou a ficar magro e aos poucos começou a perder peso e penas. Talalá ficou preocupado e começou a comentar o fato na escola. A professora orientou o menino que pássaros não devem ficar presos e que eles se sentem melhor estando livres de gaiolas. Ela falou ainda que os pombos servem para levar cartas às pessoas, fazendo o papel de carteiros. Foi então que Talalá teve uma idéia: vou pesquisar no meu bairro quantos pássaros estão presos e depois vou ajudá-los a se libertarem da prisão das gaiolas, pensou ele. Assim fez o menino. Enquanto seus pais tiravam o cochilo do meio ele saia e pesquisava onde havia passarinhos presos e treinava o seu pombo para levar cartinhas aos donos dos animais. Rapidamente o pombo fugia da gaiola e levava um bilhete com a seguinte mensagem: LIBERTE UM PÁSSARO DA ESCRAVIDÃO. VIVA E DEIXE ELE VIVER EM PAZ. Quando as pessoas recebiam a mensagem ficavam espantadas e comovidas pela atitude do animal e às vezes até choravam. Então, logo soltavam seus pássaros prisioneiros. Dessa forma, Talalá e o pombo conseguiram soltar todos os pássaros de sua comunidade. Os dois fizeram isso durante vários meses sem que seu pai soubesse. E quando conseguiu libertar o último pássaro do seu bairro, o pombo pousou chorando nos braços do menino, dando sinal de que também precisava se libertar daquela vida de gaiola. Talalá, coberto de lágrimas, beijou o passarinho e acenou para que ele voasse. O mesmo tocou com o bico o rosto de seu parceiro e logo voou. Talalá emocionado olhou até o último momento em que ele livremente desapareceu no céu azul. A mãozinha do menino acenava com saudade até que o último vulto fosse visto. Talalá nunca mais viu seu pombo correio

CARLOS REIS SOUSA
Enviado por CARLOS REIS SOUSA em 17/02/2012
Código do texto: T3504478
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