DOM RATÃO NA MANSÃO

Chegou de mala e cuia Dom Ratão

Aos portões da nobre mansão,

E foi entrando cauteloso, sorrateiro,

Através do imenso terreiro.

Aproveitando a saída do cozinheiro,

Invadiu a cozinha como um guerreiro

Indo se entrincheirar lá no canto

Do armário que era um espanto

De tanta comida mais parecia um empório.

Ficou bem quietinho o finório

Esperando a noite chegar ao auge,

Pois é no silêncio que um rato age.

Dom Ratão cansado adormeceu.

Sonhou que o armário era só seu

Até convidou Ritinha, a sua ratinha,

Para saborear de tudo que tinha.

Sonhando Dom Ratão murmurava:

“Sorte tamanha eu não esperava...

Ritinha, minha linda, meu amor,

Sinta deste queijo o sabor...”

De repente um som cavernoso e monstruoso

Acabou com o sonho e o romance dengoso

De Dom Ratão e da rata Ritinha.

Era Hércules, o gato, que vinha

Expulsar da cozinha o intruso.

“Não, não ficarei confuso,

Preciso de um plano para escapar

Aqui não dá para eu morar...”

Na primeira distração do gato ele saiu,

E em desabalada carreira se viu

Voltando para a casa pobre no escuro

Em cuja despensa só existe pão duro.

10/01/07.