De onde vêm os bebês?

Tudo começou quando as crianças brincavam no parquinho do prédio todas mais ou menos na mesma faixa etária, entre os 6 e os 7 anos. A Júlia desceu com uma mulher que não era sua mãe. Perguntada sobre o que acontecera, ela respondeu que a mãe tinha ido ficar com uma tia no hospital, e que a que a estava acompanhando, era sua prima mais velha Tânia.

- foi ganhar bebê. – disse a menina com felicidade.

Logo se instaurou a questão de onde surgiam os bebês, todas as crianças sabiam, é claro (tempos modernos), menos Rafaela, que ficou quietinha escutando os amigos conversarem sobre priminhos e irmãozinhos. Até que Marianinha, a mais esperta do grupo falou em alto e bom som:

- é engraçado como chegam os bebês não é?

E todas as crianças se puseram a rir... todas, menos Rafaela. Logo os outros perceberam que a amiga ignorava a origem da vida, e Mariana que além de esperta era provocadora perguntou:

- você sabe, não é Rafaela? Como chegam os bebês?

- é claro que eu sei – disse Rafaela em tom ofendido.

- ah, é? Pois fala pra gente ver se você sabe. – retomou Mariana como um desafio.

Rafaela levantou, recolheu as bonecas e disse:

- pois se eu digo que sei, é porque sei!

Virou as costas, chamou sua mãe e foi embora, mas ainda ouviu um amiguinho dizer: “sabe nada!”

Quando chegou em casa, a mãe quis saber o que tinha acontecido, para ela interromper a brincadeira. Depois que a menina contou toda a história, perguntou à mãe de onde vinham, afinal de contas, os bebês.

A mãe, pega desprevenida, foi até o quarto e pegou um livro.

- Sua irmã leu esse livro, quando me fez a mesma pergunta. Ela era um pouquinho mais velha... mas, enfim, os tempos mudam, e se você quer mesmo saber, aqui explica direitinho.

A menina pegou o livro. Um livro com muitas ilustrações, por sinal, que explicava de maneira simples todo o processo de ” fabricação de crianças”.

No outro dia, terminada a leitura, Rafaela foi novamente brincar com todos. Mas, mais uma vez estava lá a Mariana, que novamente questionou Rafaela sobre o conhecimento:

-então, você sabe mesmo de onde vêm os bebês?

- pois é claro! – retomou Rafaela – quando um homem e uma mulher adultos se conhecem... blá blá blá blá blá

Quanto mais se aprofundava aquele assunto, mais as crianças escancaravam as bocas.

No fim daquela verdadeira aula sobre bebês, os olhos das crianças do parquinho só faltavam cair dos buracos, as bocas abertas... a única que teve coragem de dizer alguma coisa foi Júlia:

-Minha tia tinha falado que era uma semente plantada na barriga da mãe...

E o segundo foi Pedrinho:

- EEEEEECCCAAAAAA

Aconteceu uma verdadeira debandada de crianças para suas mães, contando as histórias que Rafaela tinha falado, desespero total das mães no parquinho...

Desde esse dia, quando Rafaela dizia que sabia alguma coisa, as outras crianças nem questionavam, porque era bem capaz que ela soubesse mesmo!