Filomena
José Roberto entrou feito um raio na sala, driblou a porta, saltou os batentes, passou pelas cadeiras, parou, preparou a bola e ...
Lá estava ela. Bem no meio do caminho. Completamente parada. A luz da sala deixava a pele negra de Filomena mais brilhante que o normal. A tez rugosa e lisa parecia tão atraente e nojenta. José Roberto ficou paralisado, apenas com força suficiente para gritar: - Paiê, vem aqui! Rápido!
Quando Seu Alfredo viu que era apenas uma lagartinha passeando pela casa, balançou a cabeça em sinal de negação e disse: - Pensei que fosse uma cobra! Tudo isso por causa da Filomena!
José Roberto continuou parado, sem entender. Desde quando lagarta tinha nome?
Seu Alfredo pegou Filomena e levou-a para um local mais calmo da casa: a área de serviço. Disse que não era para ninguém mexer nela.
Filomena subiu devagarzinho pela parede da área de serviço e foi alojar-se no teto.
Depois de uns dias, José Roberto gritou de novo: - Paiê, Maiê, corre aqui! Sangue!
Desta vez a mãe correu junto com Seu Alfredo. Havia sangue no chão da área de serviço. Mas lembraram de olhar para cima. Foi aí que encontraram a explicação: Filomena!
A lagartinha havia saído do casulo que fizera e se transformara em uma linda borboleta.