De macacos, bananas e histórias
3- De macacos, bananas e histórias
(Kate Lúcia Portela)
Era uma vez um macaco.
Mas não era um macaco como os outros...
Esse macaco não queria comer bananas.
As pessoas, porém, sempre jogavam bananas para o macaquinho.
Algumas bananas até acertavam a sua cabeça. Quando isso acontecia, o macaco ficava muito, muito chateado.
Fazia birra, fazia manha, fazia dengo.
─ Por que não me dão livros? Por que não me dão brinquedos? Por que não me dão um violão? Por que não me dão uma flor? Por que não me dão uma nuvem ou uma estrela? Por que não se dão? ─ indagava o macaco.
Até que um dia, ele conheceu uma criança adorável.
Em vez de lhe jogar uma banana, ela lhe jogou um beijo.
Logo, logo ficaram amigos.
Brincaram de pique-esconde com a lua, brincaram de pique-pega com os cometas, brincaram de pique-alto com as estrelas.
Jogaram amarelinha, jogaram peteca, jogaram bola e sempre venciam o jogo da diversão.
Fizeram barquinhos de papel para navegar no mar da fantasia e aviõezinhos de papel para desvendar o céu de magia.
Leram as histórias da carochinha de trás pra frente.
Cantaram alegremente com as cigarras e trabalharam alegremente com as formigas.
A criança descobriu que aquele macaquinho tinha fome de imaginação.
E eles ficaram ainda mais amigos.
Mas, após brincar tanto e comer tão pouco, o macaco ficou doente.
Então, ele se lembrou das bananas que aquelas pessoas bondosas jogavam para ele, querendo agradá-lo, querendo lhe fazer um carinho de uma maneira especial.
Quando souberam que o macaco estava doente, elas foram visitá-lo, juntamente com a criança que brincava sempre com ele.
Com tanto carinho, com tantas bananas, o macaco ficou bom.
E saiu pelo mundo contando sua história, para que as crianças não ficassem doentes por falta de bananas, para que as crianças não ficassem doentes por falta de histórias...