MEMORIAS DA INFANCIA
MEMORIAS DA INFANCIA
Marcial Salaverry
De minha infancia, posso me lembrar de alguns episódios esparsos, como o do infeliz ladrão que tentou nos assaltar. O meliante olhou pelo muro, e não percebeu os 12 dinamarqueses que estavam repousando, e pulou. Os cães se aproximaram. Ele tentou fugir, e não conseguiu. Durante a noite, escutei alguns rosnados dos “bichinhos”, mas não liguei. Quando me levantei de manhã, e fui dar meu bom dia aos amiguinhos, fiquei surpreso ao vê-los calmamente sentados em volta da paineira. Reparei que havia um cara encostado na árvore, balbuciando algo ininteligível. Chamei meu pai, que se limitou a olhar a cena, e, sadicamente deu a ordem : GUARDA!. Os cães ficaram mais alertas e o coitado quase arreou. Fomos tomar nosso café tranquilamente, e depois chamamos a policia. O infeliz havia feito tudo que seu organismo queria durante a noite, e deu um grande suspiro de alivio quando os policiais o levaram. Tenho a impressão de que ele se regenerou, depois dessa romântica noite de luar. Não deve ter sido muito fácil para ele passar aquela noite com doze pares de olhos faiscantes fixos em sua figura. Tentem visualizar a cena.