O BURRO CATATAU (cordel infantil)

Sempre que conto história

Meto os bichos no meio

Só pra ver minhas crianças

Sorrir ou fazer bico feio

Com vontade de chorar.

Hoje a sala está cheia

De meninos e meninas

Sentados em suas carteiras

A espera do blá, blá, blá

Desta professora esperta

Que controla a disciplina

Versejando com as meninas.

Era uma vez na fazenda

Um burro trabalhador

E seu dono enjoado

Que só queria ver o burro

Trabalhando sem parar.

O burro vivia triste

Sonhava com a liberdade,

Pois já não tinha fôlego

De tanto ser explorado.

Foi numa noite de luar

Que ele conheceu Marocas

Uma jumenta castanha

Que a ele se apresentou.

Foi amor à primeira vista

Unindo Marocas e Catatau

Que sonhando já esquecia

Das surras que levava do mau

Fazendeiro Menelau.

Enquanto o amor do casal nascia

O fazendeiro mau Menelau

Aprontava a pesada carga

Para Catatau carregar.

Foi aí que entrou a esperteza

Da jumentinha Marocas

Que exclamou pesarosa:

Valha-me Nossa Senhora,

Catatau chegou a hora

De aplicar um corretivo

Neste homem explorador

De animais indefesos.

Menelau foi se achegando

Para Catatau levar

E no seu lombo jogar

A pesada carga de milho.

Marocas então o atacou

Escoiceando o pé do homem,

Calçado com fina botina,

Fez com que ele rolasse

Por cima de todo o estrume

De imensa fedentina,

Que nem bicho suportava.

Aproveitando a confusão,

Com Menelau no estrume estirado.

Fugiram para a mata fechada

Marocas e Catatau

Onde dizem que se casaram

E que têm muitos burrinhos

Livres da escravidão

Do mau fazendeiro Menelau.

08/09/11