Helô era uma cascudinha muito meiga que adorava ficar em hospitais, mas sempre sentia-se só, pois a sua presença não era bem-vinda naquele local. Ficava sempre escondida, mas atenta a tudo que acontecia por ali, mas sempre que saia para passear era aquele desespero, todos corriam, subiam em cima de cadeiras, eram sapatos voando em todas as direções, tudo só voltava ao normal quando a cascudinha sumia. A cascudinha Helô não entendia por que tanta gente não gostava da sua presença, mas ela já estava acostumada, pois apesar de viver as escondidas adorava ver os médicos cuidando dos seus pacientes, enfermeiras aferindo pressão, ela só não gostava de ver agulhas, aquelas injeções enormes... Ai só de lembrar a nossa cascudinha já se arrepia toda. Num certo dia como de costume, a cascudinha Helô saiu para seu passeio noturno, pois era o melhor horário para passear, não tinha muita gente e devido ao cansaço poucos percebiam a sua presença ali, menos uma senhora que ali estava, era a Dona Loló uma gentil senhora que também sentia-se solitária. Cascudinha Helô vendo seu olhar tristonho chegou perto, mas não tão perto para não tomar uma chinelada como nas últimas vezes, ao se aproximar da senhora notou que ela ficou inerte espreitando a cascudinha em cada movimento que ela fazia, se aproximou tanto que ficou aos pés da gentil senhora que sentada na cama ficava com eles suspensos no ar. Dona Loló olhou para baixo e lançou um olhar tão verdadeiro para a cascudinha Helô que ela não se conteve de alegria e subiu até sua cama, mas logo teve que descer e se esconder pois era hora dos remédios de Dona Loló... Caso a enfermeira a visse por ali seria aquele ‘’bafafá’’ . Seu pequeno esconderijo seria um lugar mais que seguro, cascudinha ficou a pensar: Quem é aquela senhora? Por que ela não correu? Por que não gritou ou porque não atirou nada em mim? E não parou mais de pensar no lindo sorriso de Dona Loló, uma senhora de cabelos grisalhos, olhos azulados, estatura mediana e com um coração gigantesco. Helô observou durante três dias aquela senhora, e viu o quanto ela era querida e amada por todos, médicos e enfermeiros sempre conversavam, brincavam ouviam histórias de vida dela e agora poderia contar com uma criaturinha apesar de pequena; amável: cascudinha Helô!!! Helô passou a ser a sua mais nova companheira, quando Dona Loló levantava-se para ir ao banheiro a cascudinha a acompanhava, se Dona Loló ameaçasse sair do quarto, quem estava logo atrás? Exatamente, a cascudinha!... E assim foi, por uma semana, um mês, até que... Numa bela manhã ensolarada, como de costume Helô sai de seu esconderijo e vai até o quarto de Dona Loló ao chegar a porta, nota que a senhora está muito bem arrumada, os cabelos penteados, sapatos e roupas diferentes e um lindo sorriso no rosto. Vê os enfermeiros e os médicos ao redor dela, numa despedia calorosa. Ela recebeu alta e está indo embora, nunca mais vou vê-la, disse entristecida a cascudinha... A cascudinha estava desolada, para onde iria sua companheira? Será que ela sentiria a sua falta? Oh céus, que tristeza, dizia ela! Atentamente viu a senhora de olhos azulados partir, porém sempre olhando para trás como se estivesse esquecido algo. Dona Loló sorriu e voltou ao seu quarto, pensou a cascudinha: Ela veio despedir-se de mim. Dona Loló abaixou-se, procurou dentro do banheiro, abriu os armários, oh! Encontrei meus chinelos e seguiu até sumir das vistas da cascudinha.. Ela nem se quer olhou para trás, nem se quer se despediu de mim. Amiga ingrata! Helô pensou: Achei que ela tinha ao menos me notado, mas acho que eu me enganei, coitadinha da nossa baratinha, ela chorou tanto que mal conseguia se alimentar, nem passear mais ela queria, passou-se uma semana e a cascudinha continuava chorosa e triste se sentindo o pior dos seres vivos! Em alguns dias ela começou a ficar meio baratinada, sem vontade de comer ou dormir. Meu Deus, a baratinha estaria em depressão? Todos os dias a nossa amiguinha caminhava até o quarto e olhava fixamente para aquela cama vazia. Quanta ingratidão! E lá se vai nossa cascudinha para seu esconderijo, mas ao retornar ouve um barulho na direção do quarto que era de Dona Loló, resolve voltar e ver o que se passava por ali, quando de longe avistou de costas aquele cabelo grisalho, aqueles chinelos desgastados, não tinha dúvida... Era sua amiga Dona Loló onde estendeu uma das mãos para que Helô pudesse subir... Voltei e vim te busca minha amiguinha, disse a querida senhora. Dona Loló arranjou uma boa desculpa para que pudesse voltar e buscar a sua amiguinha. E assim foi-se a cascudinha escondida no meio das coisas de Dona Loló. Chegando lá para a sua surpresa existiam muitos de sua espécie. Encontrou um cascudinho chamado Tião, casou-se e teve algumas cascudinhas e vivem felizes até hoje na casa de Dona Loló.
* Revisão: Lígia Carolina Breyer
*Imagem do Google
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