ANO NOVO, DIA DE PÃO PASSADO NO OVO
Ora, aí vem o ano novo,
Dia de pão passado no ovo.
Pão dormido não serve o novo,
Inventado pelo querido povo
Lá da terra do seu Cabral.
Come-se na ceia do santo Natal,
E para as crianças ele não faz mal.
No ano novo aqui em casa é fatal,
Minha avó vem do Pantanal
Trazendo ovos de galinha caipira,
E minha mãe, aspirando o ar, suspira
Lembrando dos quitutes da vó Zulmira.
Uau, uau, vamos ter bolinho de bacalhau,
Até o gato, agitado, faz miau, miau,
E ganha uma posta de peixe piau.
E a cozinha de casa vira de restaurante.
Criança não entra nem por um instante.
Sai bolinho e carne no molho picante,
Macarrão com molho de tomate Elefante.
A mesa da sala, posta de forma elegante,
Espera para receber orgulhosa
Os pratos que a deixam tão formosa,
E enchem meus olhos me fazendo gulosa.
Menina! Falta a travessa de rabanada
Que não se dispensa por nada.
Vovó embebe a fatia de pão no leite,
Passa no ovo e na frigideira com azeite
Frita cada fatia. Prepara numa panela
Uma porção de açúcar com canela,
E com a arte que é só dela
Polvilha tudo deixando a travessa bela.
E vai pra mesa a gostosa rabanada,
Deleite de toda a criançada,
Que eu chamo toda apressada:
Molecada, hoje é dia de ano novo,
Na mesa tem pão passado no ovo.
15/12/06.