Um desdentado assobiando
Na mata corre solto o boato
Confunde folclore com fato
Ouve-se ao bater o ancinho
O cantar de um passarinho
Podia ser a alma em alegria
O vento na cova em arritmia
Ali comentava-se bastante
De um furo no chão sibilante
Lenda viva ganhou estradas
Vazou mares, virou o mundo
Uma voz de fenda desafinada
Amedronta a quem tem fundos
Para todos era muito estranho
Seja jovem ou seja de antanho
Saindo da terra, saindo da veia
Mesmo música é da coisa feia
Terra que canta muito assusta
More em cima, more embaixo
O anjo disfarça que não escuta
O diabo na farsa fica cabisbaixo
Era um tatu feliz, alheio a tudo
Até sem luz para uma partitura
Cantava, afinal não era mudo
Música nas entranhas sua cura
O desdentado dono do assobio
Em todos provocou um arrepio
Seria natural, se cantasse o anu
Tatu cantando, vira rabo de tatu