Um desdentado assobiando

Na mata corre solto o boato

Confunde folclore com fato

Ouve-se ao bater o ancinho

O cantar de um passarinho

Podia ser a alma em alegria

O vento na cova em arritmia

Ali comentava-se bastante

De um furo no chão sibilante

Lenda viva ganhou estradas

Vazou mares, virou o mundo

Uma voz de fenda desafinada

Amedronta a quem tem fundos

Para todos era muito estranho

Seja jovem ou seja de antanho

Saindo da terra, saindo da veia

Mesmo música é da coisa feia

Terra que canta muito assusta

More em cima, more embaixo

O anjo disfarça que não escuta

O diabo na farsa fica cabisbaixo

Era um tatu feliz, alheio a tudo

Até sem luz para uma partitura

Cantava, afinal não era mudo

Música nas entranhas sua cura

O desdentado dono do assobio

Em todos provocou um arrepio

Seria natural, se cantasse o anu

Tatu cantando, vira rabo de tatu

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 29/08/2011
Reeditado em 29/08/2011
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