A cola do Téo
A cola do Téo
Téo passou a tarde toda preparando a “cola”, o velho lembrete que fica escondido do professor preparado por alunos que querem se dar bem sem ter muito esforço - para a prova de História. Não gostava da matéria e por isso, em sua cabeça, a cola seria a melhor alternativa.
Alguns amigos aconselharam-no a estudar. Mas Téo não quis saber:
- Vou colar. Irei preparar um lembrete tão esperto que o professor Paulo não irá perceber. Desta vez o 10 não escapa. E caiu na gargalhada.
Olivia, sua amiga de classe, ainda lhe avisou:
- Téo, você vai se dar mal com essa cola. Se o professor pegar, o Zero é garantido. Irão chamar seus pais na escola. E depois, Téo, tem mais uma coisa: - Colar é desonesto. Não podemos enganar os outros.
- Ah, Olivia, não tem problema. Digamos que a cola é apenas uma mentirinha, bem pequenina mesmo. E depois, a cola é apenas para História, matéria que não gosto. Nas outras disciplinas eu não farei isso – replicou Téo.
A jovem e pequena Olivia, olhos grandes, negros e brilhantes, ainda insistiu com o amigo:
- Você irá se acostumar com isso, Téo. Meus pais sempre dizem que quando colamos não aprendemos nada. O melhor é saber e para isso temos que estudar. Esforce-se um pouco meu amigo. Vamos estudar juntos? Eu posso ajudar.
Mas Téo não deu ouvidos aos apelos da amiga que queria o seu bem.
- Eu? Esforçar-me para quê? Vou é jogar bola ou ficar no vídeo game, internet... Para quê perder tempo com História? Quero é me divertir.
A amiga, então, decidiu ir embora. Nada que falasse levaria Téo a estudar. Afinal, ele se julgava um “garoto esperto”.
E finalmente chegou o dia da prova.
Todos sentados em suas cadeiras, Téo, Olivia e demais amigos.
O professor Paulo aplicou a prova.
Téo já havia deixado tudo certo.
A cada bobeada do professor ele olharia as questões e responderia.
Fez tudo em papéis pequeninos e ninguém veria nada. Ah, pensava ele: O 10 está garantido!
Tudo ia bem até que Lucas, que se sentava bem atrás de Téo levantar-se para apontar o lápis e esbarrar em sua cadeira fazendo enorme barulho que derrubou as colas de Téo ao chão.
O professor Paulo percebeu os papéis caídos e viu que eram de Téo. O coração do garoto acelerou, afinal, ele sabia estar errado. Pensou – Lá vem bronca, e começou a imaginar seus pais sendo chamados à escola e a diretora, Dona Gertrudes, aplicando aquele enorme sermão. Em casa também não teria moleza, sua mãe provavelmente lhe diria:
- Dê tchau à bola, internet, vídeo game...
O professor abaixou-se e perguntou para certificar-se:
- São seus esses papéis, Téo?
Não tinha como mentir. O professor sabia que a cola era dele. Por que perguntar?
Téo apenas balançou a cabeça afirmando.
O professor perguntou:
- Você acha isso certo, Téo?
Ele, gaguejando... Nã... Não....
- O que acha que devo fazer? Dar-lhe Zero e chamar seus pais?
Téo emudeceu. Era isso o que mais temia.
- Mas eu não farei isso, Téo – disse o professor. Dar-lhe-ei um voto de confiança e deixarei com que continue a prova. Melhor, dar-te-ei uma nova prova para que comece novamente, agora da maneira certa. E prossegiu o professor:
- Não estou aqui para lhe punir, Téo, mas, sim, educar. Se você pensa que me enganou, enganado está. Enganou a si mesmo, Téo. A desonestidade não vai longe, ninguém vence sem esforço e empenho, Téo. Agora, pode recomeçar sua prova, sem cola!
Aquela lição deixou o rosto de Téo ruborizado de vergonha. Esperava uma bronca e o professor deu-lhe nova prova.
Téo escapou das broncas de Dona Gertrudes, a diretora, mas não pôde safar-se do Zero na prova, afinal, ele perdera o tempo colando ao invés de estudar.
Seus pais, porém, ao saberem do Zero na prova de História, deram-lhe um tempo de reflexão sem bola, internet e vídeo game.
A mãe disse:
- Esse tempo sem as coisas de que mais gosta é apenas para que pense, meu filho! Não se trata de castigo, mas de alguns meses para que reflita nas razões que o levaram a ir tão mal na prova de História.
Téo levou para toda sua vida uma bela lição:
- A desonestidade não compensa. Seja numa simples cola ou numa grande mentira, definitivamente, concluiu Téo, a desonestidade não compensa.