As conversas de Luizinho
As conversas de Luizinho
Luizinho era um bom menino, muito bacana e educado. Curioso, gostava de falar, mas tinha um grande problema, era muito mentiroso. Vivia contando aos amigos e também aos professores suas mentiras.
O professor Castro de Matemática pegava no pé de Luizinho todas as vezes que ele matava aula:
- Por onde o senhor andou ontem, Seu Luiz, que não apareceu na aula?
- Ah, professor, eu estava muito doente, com febre e pior: tinha alucinações – mentia Luizinho.
Para os amigos adorava contar suas peripécias: Um dia cortara a cabeça de um grande dragão, no outro conversara com extra terrestres e tinha aquela de que lutara no mar bravamente contra dois tubarões enormes e os vencera. Era cada uma sem pé nem cabeça. Os amigos, embora gostassem de Luizinho, já não mais acreditavam em suas aventuras. O Pedrinho, um de seus melhores amigos lhe dizia:
- Deixe de ser mentiroso, Luizinho! Essas histórias já não colam mais, ninguém acredita. Um dia seu nariz vai crescer igualzinho ao do Pinóquio.
Já a Luiza, que também gostava muito do Luizinho, alertou-o:
- Luizinho, pare de contar essas potocas para as pessoas, pois ninguém mais acredita em você. Minha mãe diz que a mentira tem perna curta, e quem mente perde a confiança das pessoas. Já pensou, Luizinho, se você perder a confiança de seus amigos?
- Mas minhas histórias não são mentira, Luiza – esbravejava Luizinho. É verdade. Eu lutei contra tubarões e cortei a cabeça de um dragão...
- Mas aquele dia você disse ao professor que estava com febre – rebateu Luiza.
- É, eu estava mesmo.
- Não minta, Luizinho. Eu vi você jogando bola na rua.
- Ah, deixa pra lá – desconversava Luizinho quando alguém o apanhava mentindo.
E o tempo passou e todos foram crescendo.
Luizinho também cresceu e com ele cresceram suas mentiras.
Sua fama se espalhou por todo o bairro.
Era considerado o menino mais mentiroso da redondeza.
E com o passar do tempo Luiza e Pedrinho perderam o contato com Luizinho. O Pai de Luiza, Seu Arthur, tinha uma padaria e mudou-se para outro bairro. Já o pai de Pedrinho foi trabalhar em outra cidade. Mas Luizinho continuou no mesmo lugar, contanto as mesmas histórias.
Ele não percebeu, mas perdeu a confiança de todas as pessoas. Nem os próprios pais acreditavam mais nele.
Até que um dia, Luizinho que já contava com seus 18 anos teve que procurar emprego.
Luizinho distribuiu seu currículo por todos os lugares.
Quem o conhecia, embora dele gostasse, não o chamava porque sabia de sua fama de contador de histórias.
Um dos amigos de seu pai, Seu Zezinho, dono de um açougue, vivia dizendo que não podia empregar Luizinho pois não conseguiria acreditar em alguém tão mentiroso.
Até que um dia Luizinho foi chamado para uma entrevista de emprego.
Para sua surpresa, do outro lado estava uma moça muito bonita. Era Luiza a entrevistadora e responsável por contratar as pessoas. Sim, a Luiza sua amiga de infância.
Ao ver que o entrevistado para trabalhar na empresa seria Luizinho, Luiza deu-lhe um grande abraço, pois estava com saudades, mas logo se despediu dele, dizendo:
- Desculpe, Luizinho, mas não vamos nem começar a entrevista, pois um dos requisitos para a vaga é NÃO CONTAR MENTIRAS!