A Pulguinha Orgulhosa e o Valor de Uma Amizade
PARA MINHA AMIGUINHA MICAELLI!
Kiki era uma pulguinha orgulhosa, que vivia tranquilamente nas costas do vira-latas Puk, numa vida muito chata, sem nenhuma novidade, pois ele era cuidado por uma família muito pobre.
Ela vivia reclamando de Puk que nunca tinha passeado na janela de um carro, como vira nas revistas, coisas que os cães das madames sempre faziam.
– Você é um perdedor, seu cachorrinho fedorento!
Puk ficava muito triste, mas continuava gostando de Kiki, pois sabia que ela dava importância a coisas sem valor e não enxergava como ele gostava tanto dela, apesar de haver tantas outras pulgas ali para ele gostar.
Certa vez, já perto do anoitecer, a dona de Puk chegou do trabalho trazendo um frasco misterioso: ela havia comprado um xampu para matar pulgas e resolveu dar um banho nele para matar as pulgas que lhe infestavam os pelos...
Quando viu o movimento da dona de Puk, preparando seu banho, Kiki ficou alvoroçada, num corre-corre prá todos os lados, pois aquele veneno poderia significar sua morte, e ela se achava ainda muito jovem para morrer: fugir era uma questão de sobrevivência.
– E agora? Será que terei tempo de me salvar? – indaga-se a orgulhosa pulga, sem se preocupar com o destino de suas parceiras.
A dona de Puk o pegou pela coleira e o colocou em posição prá aplicar o xampu.
Vendo que não tinha como escapar daquele banho frio e perigoso, e pensando mais ainda em sua amiga Kiki, antes que sua dona jogasse o veneno sobre ele, Puk sacudiu seu corpo violentamente, arremessando para bem longe muitas pulgas e salvando assim suas vidas...
Olhou em volta, e dentre tantas pulgas, pode reconhecer sua amiga:
– que bom que você se salvou, Kiki!...
Ao chegar no chão, Kiki saiu pulando sem direção, perguntando-se:
– E agora, o que será de minha vida?
Parecia desconsolada. Cansada do estresse causado pela correria do banho venenoso, adormeceu protegida por umas folhas caídas.
Ao amanhecer, acordou-se com um som familiar...
– Como você conseguiu me encontrar? – indagou ela..
– A amizade tem muitos mistérios, os amigos sempre sentem quando precisamos de ajuda – respondeu Puk...
– Você não está chateado comigo? Salvou minha vida, mesmo depois de tudo que lhe falei, por quê?
– Claro que não estou chateado, amigos não se chateiam, só querem sempre o bem do outro, mesmo quando se desentendem...
Puk, então, agachou-se e ofereceu suas costas para Kiki voltar a sua morada.
Kiki deu um enorme salto, aceitando a oferta e subindo em suas costas.
– Prometo que vou valorizar mais a amizade, disse Kiki arrependida...
Puk deu um latido de felicidade.
Não seria mais chamado de perdedor
Conseguiu a maior de todas as vitórias: conquistar uma AMIZADE!