OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA (em versos)
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA (13 jun 11)
(Conto popular hindu,
recontado por William Lagos.)
Era uma vez, nas plagas do Industão,
uma menina a quem chamavam Maylu,
que evitava mostrar seu rosto nu,
porque se achava extremamente feia...
E como tudo quanto alguém receia,
a sua feiúra crescia em proporção...
Maylu, além disso, era mendiga...
Quando pequena, fora abandonada:
pedia esmolas, vagueando pela estrada.
Por onde ia, todos a escorraçavam,
ninguém a desejava e lhe negavam
não só alimento, mas palavra amiga.
Tinha cabelos lisos, cor-de-rato,
os olhos vesgos enxergavam mal,
as orelhas de abano de um chacal,
a boca torta, caída para um lado,
o lado esquerdo do rosto era manchado
e o outro tinha cicatrizes, triste fato!
Enquanto era pequena, bem menina,
era tratada com uma certa pena...
A religião hindu também ordena
que os mendigos sejam bem tratados.
Mas lá por castas são os homens separados
e Maylu tivera de ser pária a sina...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA II
Pior ainda, pois nascera haridjã:
à casta pertencia dos "intocáveis"...
Até suas sombras eram abomináveis,
caso tocassem na roupa de um hindu...
E, desse modo, a pobre Maylu
era tida como imunda e até malsã!...
Pois na Índia de então, era proibido
trocar de casta ou mudar de profissão.
Quem nascesse em família de artesão
a profissão dos pais só deveria
seguir, porque a lei não permitia
sair da situação em que havia nascido.
Quando Maylu estava com dez anos,
viu umas roupas à beira do caminho:
lavou-as bem, trocou cada trapinho
e até um par de sandálias arrumou.
E na primeira estalagem que encontrou,
tornou-se faxineira de seus amos.
Porém um dia, chegou um mercador
que a observou a esfregar o chão.
Olhou-a bem e fez a acusação
de que a estalagem estava contaminada
pela presença daquela amaldiçoada
e ameaçou ir denunciar aquele horror!
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA III
Mil desculpas pediu o estalajadeiro:
disse pensar que ela fosse uma artesã...
Indagou de Maylu se era uma haridjã
e a pobrezinha confessou que era,
era excluída, porém nunca soubera
que poderia fazer mal ao hospedeiro...
O estalajadeiro nem queria tocar nela:
empurrou-a a vassouradas para a rua,
com a roupa rasgada e seminua...
Maylu caiu mal, perdeu o passo,
durante a queda até quebrou um braço,
rasgou o rosto e partiu uma costela...
Mas encontrou outra mendiga haridjã
pedindo esmolas à beira do caminho.
Ela tratou seus ferimentos com carinho,
porém lhe disse que se fosse da cidade,
antes que fosse espancada de verdade,
por lhes trazer azar nessa manhã!...
Maylu foi pela estrada se arrastando,
com o braço na tipoia, dor no lado,
sem ter comida, até que um pão foi atirado
por uma dama que passava de carruagem...
A mastigar o pão, seguiu viagem,
até que em outra cidade foi chegando.
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA IV
Seu braço se soldara no caminho
e encontrara raízes e frutinhas...
Mas o braço ficou torto e as costelinhas
deixaram-na com o peito deformado...
Mas teve sorte: tão logo havia chegado,
ganhou emprego de pisotear o vinho...
Colocavam muitas uvas num barril,
terminada a vindima e havia gente
que as esmagava num pisar frequente,
enquanto o suco escorria por um cano
e o recolhiam, coado por um pano:
era um trabalho demorado, mas não vil.
Passado então o tempo da vindima,
Maylu continuou na plantação:
trazia lenha e gravetos ao fogão,
com o braço bom tirava água do poço,
comia os restos dos pratos como almoço,
sem se queixar de tão terrível sina...
Até que um dia chegou um sacerdote:
viu Maylu no pátio trabalhando:
a lavagem dos porcos ia levando...
E a chamou, com o acenar de um dedo.
"Diga, menina, qual é o seu segredo?
Por que os deuses lhe atribuíram tão mau dote?"
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA V
Sua intenção não era má, de fato,
mas pretendia, de acordo com sua crença,
que o aspecto de Maylu, pois assim pensa
o baixo hinduísmo, fosse efeito de seu karma,
que de outra encarnação trazia o dharma,
para cumprir um tal destino ingrato...
Porém Maylu encheu-se de pavor:
pensou que iria notar sua condição
e ao invés de lhe pedir perdão,
uma carreira iniciou, desabalada,
e ao fugir, caiu em plena estrada,
e o tornozelo quebrou, em seu horror!...
Porém, não quis parar, de tanto medo:
arrastou-se para o mato que crescia
à beira do caminho e nem sentia
a dor da perna, pensando ter torcido
o tornozelo, pois já havia sofrido
um acidente igual, em outro enredo...
Abrigou-se, então, numa caverna;
cortou um galho para se apoiar...
Doía muito para caminhar,
mas encontrou ovos de tartaruga,
coelhinhos numa toca e pôs em fuga
os animais ferozes, até sarar sua perna.
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA VI
Mas sua feiúra tornou-se mais completa:
entortou o tornozelo e o pé inteiro
ela arrastava, sem poder andar ligeiro...
E que o inverno já chegava ela notou!
Um galho grosso então ela quebrou
para apoiar-se, igual que uma muleta!...
E de uma forma ou de outra, conseguiu
chegar a uma aldeia no outro vale,
pois fome não é coisa que se cale...
E foi pedir esmola, esfarrapada...
Tiveram pena, foi alimentada
e escondeu-se num galpão, onde dormiu...
Mas de manhã, alguém a descobriu
e logo a acusou de estar roubando...
Maylu jurou que estava apenas descansando
e dela teve pena a boa mulher...
Já não podia trabalhar sequer,
mas viu soldados chegando e então fugiu,
sem perceber a fogueira que luzia
no meio do caminho... e tropeçou!
Diretamente no fogo ela tombou:
ficou com as duas faces empoladas
e suas feições ficaram deformadas
a um ponto que de olhar, já se temia!...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA VII
E doravante, a pobre Maylu,
já feia de nascença, piorou...
Braço encolhido, a costela que quebrou,
a perna torta, o rosto deformado,
cheio de marcas, cicatrizes e manchado
não se atrevia a mostrar a olho nu!...
De alguma forma improvisou um capuz
e com panos que achou em cada canto
foi costurando, aos poucos, feio manto
e nele envolta, carregava uma escudela,
feita de barro, um tipo de tigela
e andava ao léu, como quem leva a cruz...
Maylu passou fome e passou frio,
porque o inverno já estava se instalando...
Uma tarde, viu um monge descansando,
junto ao barranco de pedra de uma estrada.
Logo o monge percebeu quão esfomeada
a jovenzinha estava e assim abriu
sua túnica, retirando uma escudela,
que se encheu de comida de repente!...
Continha arroz e favas, tão somente:
para Maylu foi mais do que um festim...
Ela esvaziou a escudela até o fim
e a viu encher-se de novo para ela!...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA VIII
Sua fome era tanta, que comeu
pela segunda vez, sem se espantar.
Depois, sua história inteira foi contar
ao monge, que indagava mansamente...
Depois ele lhe disse, calmamente,
após lavar a escudela, que escondeu...
"Sei muito bem que és uma haridjã
e não deveria juntar-me a uma intocável,
mas a bondade de Shiva é interminável:
sei muito bem que o deus me perdoará.
Talvez nova penitência me imporá,
mas há muito que me encontro nesse afã..."
"Shiva me deu esta escudela e sua magia.
Como é de bronze, eu vivo a caminhar,
sem precisar ao povo mendigar.
Há sete anos estou em penitência,
no frio do inverno e do verão na ardência,
porém me dá uma refeição a cada dia..."
Maylu se arrependeu por ter comido.
"Eu lhe roubei a sua alimentação!..."
"Não te amofines, que faço refeição
todos os dias... Estavas mais faminta...
Se o coração amor a outrem não sinta,
será o encanto da escudela assim perdido."
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA IX
"Porém, escuta: no fundo deste vale,
existe uma aldeia só de haridjãs.
Terás abrigo, te darão vestes de lãs
e alimento suficiente neste inverno.
É muito perigoso andar no externo,
enquanto o vento gelado não se cale..."
Maylu ao nobre monge agradeceu
e foi mancando até chegar à aldeia,
rosto escondido, por saber-se feia...
Tiveram pena, ao vê-la esfarrapada,
sua refeição foi com ela partilhada
e novas roupas logo alguém lhe deu...
Mas quando Maylu o capuz tirou,
os haridjãs ficaram aterrados:
"Você é leprosa, está cheia de pecados!
Não pode continuar em nossa aldeia!
Vá-se embora, você é doente e feia,
algum demônio foi que nos mandou!..."
Assim, a Maylu escorraçaram;
sua esperança demonstrou-se vã,
mas conservou as suas vestes de lã
e seus farrapos lançaram na fogueira,
que não contaminasse a gente ordeira:
pois suas feições a todos assustaram...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA X
Maylu subiu o monte, do outro lado.
Não estava faminta e as roupas novas
a aqueciam. Mas sabia as duras provas
que ao longo desse inverno a aguardariam...
Sandálias fortes os pés lhe protegiam,
porém abrigo algum tinha encontrado...
Então, em uma volta do caminho,
encontrou o amigo monge, já estirado
na rocha fria, uma perna tinha quebrado...
Trouxe-lhe água, cuidou de sua ferida;
a escudela aos dois dava comida,
mas tratou dele com o maior carinho...
Depois que o monge havia melhorado,
ela explicou, com voz bem pesarosa:
"Os haridjãs pensam que eu sou leprosa,
mas não é verdade, meu rosto foi queimado,
meu pé torci, o braço foi quebrado,
já nasci feia... O destino foi malvado..."
"Como eu queria ser rica e bonita!...
Mas levo a toda parte minha feiúra,
pedindo esmolas, cheia de amargura...
Decerto que em outra encarnação
eu ofendi aos deuses, que me castigarão
até a morte, com punição maldita!..."
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XI
Porém o monge disso a consolou:
"Não é assim, minha filha, porque o karma
não é castigo, nem tampouco o dharma...
Foi teu espírito que a atual vida escolheu,
para viver na pobreza, já que percebeu
que, no passado, esta experiência lhe faltou..."
"Após tua morte, depois do que aprendeste,
o teu espírito escolhe outra experiência,
quer boa ou má, terás de ter paciência,
porém não penses que os deuses te castigam.
Eles só querem que seus preceitos sigam,
mas esta vida, tu mesma é que escolheste..."
E assim o santo monge a foi ensinando,
enquanto ela o tratava, em mil carinhos.
Encontrou uma caverna e, com espinhos,
fechou a entrada, que não viesse um animal,
selvagem e feroz lhes fazer mal...
E o frio inverno foi, aos poucos, piorando...
O pobre monge não mais se aquecia,
embora fogo ela acendesse diariamente
e chás lhe desse, com a comida quente.
"Minha filha, acho que vou desencarnar..."
disse-lhe o monge, uma noite, a murmurar,
enquanto, à luz do fogo, lhe sorria...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XII
Mas Maylu ficou desesperada.
"Agora que tua morte se avizinha,
o que vai ser de mim? Fico sozinha,
sou feia e pobre, têm até medo de mim!
Prefiro não viver, se for assim!..."
falou a menina, com voz amargurada.
Disse-lhe o monge que fome não teria,
pois deixaria sua escudela como herança...
"Porém não deves sentir desesperança;
escuta bem, vou contar-te meu segredo:
estou aqui cumprindo o meu degredo,
por um erro que no passado eu cometi..."
"Existe um templo, no alto da montanha
que fica bem no centro do Nepal...
Nele tu podes receber o bem ou o mal,
dependendo da escolha que fizeres...
Sei que ser bela e rica é o que tu queres,
mas esse é um bem que pouca gente ganha..."
"Há três martelos no templo, de metal,
com carrancas terríveis cada um.
Mas ao tocares de leve, tem algum
o poder de conceder toda a beleza
e um outro de te dar toda a riqueza...
Mas o terceiro só te causa o mal..."
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XIII
"Eu era feio e fui buscar beleza,
porém toquei em um martelo errado
e quando ele bateu, fui castigado...
Dos bens que eu tinha, meu maior perdi:
tornei-me pobre e desde então sofri,
os deuses castigaram minha afoiteza..."
"Só não posso te dizer qual o martelo
que confere a riqueza ou a beleza;
faz parte do poder essa incerteza...
Pois cada vez que em um martelo tocam,
os poderes que conferem já se trocam:
tornei-me pobre ao invés de ficar belo..."
"Por sorte, Shiva se apiadou de mim
e conferiu-me como dom esta escudela.
Quando eu morrer, tu ficarás com ela...
Mas primeiro, me prepara uma fogueira.
Crema meu corpo e a cinza derradeira
lança ao regato, pois sei que chega, enfim
até o Ganges, o nosso rio sagrado...
A escolha é tua, sabes... Podes ser
formosa ou rica, depende o que escolher
o teu dedo, ao tocar um dos martelos...
Contudo, escolhe bem, se fores vê-los:
podes perder de teus bens o mais amado..."
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XIV
Morreu o monge e Maylu o atendeu:
cortou sândalo com a faca que levava.
Armou a pira e, quando nela descansava
o corpo emagrecido, a pederneira
bateu depressa e produziu certeira
fagulha que palha e lenha já acendeu...
Depois de ser o corpo consumido
(chegara a ideia a passar pela sua mente
de se jogar nas chamas igualmente,
e dar um fim a todo o sofrimento),
mas se o fizesse, lembrou nesse momento,
a sua promessa não teria cumprido...
Reuniu as cinzas com o maior cuidado,
fazendo preces a Shiva e aos outros deuses.
Lançou-as ao regato, seus adeuses
finais, para o único que aceitara
a sua feiúra e afinal não rejeitara
e que se achava então desencarnado...
Ficou no abrigo até a primavera.
Nunca faltou na escudela o alimento.
Ponderou maduramente o pensamento.
"O que eu tenho a perder, caso eu errar?
Só a escudela... Se não mais me alimentar,
a morte eu buscarei, sem mais espera..."
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XV
Depois que a primavera havia firmado,
reuniu suas poucas posses com carinho
e ousadamente encetou o seu caminho,
buscando lá, no alto do Himalaia,
o antigo templo. E, sem temer a vaia,
foi indagando até o destino ter achado...
Chegou perto do templo, finalmente.
O seu grande portão estava aberto...
Entrou sem medo, mas achou tudo deserto.
Só lá no fundo, em obscuridade,
avistou os três martelos... Na verdade,
três cabeças de aspecto imponente!...
Maylu se aproximou, meio hesitante...
Os três martelos eram três carrancas,
cada qual era mais feia em suas retrancas,
porém uma... formosura lhe daria,
a segunda... rica e livre a tornaria,
mas a terceira... Ela pensou por um instante...
Seu maior bem de imediato tiraria...
O que faria, sem ter a escudela,
sem ficar rica e, muito menos, bela?
Talvez morresse de fome, ou então, de frio.
Melhor seria jogar-se à água de um rio,
pois ninguém mais alimento lhe daria...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XVI
As três cabeças, com cuidado, examinou...
Qual delas parecia mais cordial?
Qual lhe daria uma bênção, afinal?
E sem poder desvendar-lhes o segredo,
várias vezes avançou e quase o dedo
sobre o focinho da careta colocou...
Porém parava, no último momento:
mas por que se apegava assim à vida?
Se fosse a última esperança então perdida
e desse modo, perdesse o maior bem,
seria inútil continuar viva também,
acabrunhada por tal ressentimento...
Ela queria tornar-se bela e rica,
mas não podia os dois dotes obter.
Se fosse bela, seria fácil escolher
um bom marido, quem sabe até um sultão?
E assim lhe palpitava o coração,
nessa esperança, a última que fica...
E se o martelo a riqueza concedesse?
Não importava que continuasse feia!...
Quem é rica, a feiúra não receia...
Teria servos e escravas... Chamaria
ótimos médicos, sua perna curaria,
talvez as marcas de seu rosto até perdesse...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XVII
E de tanto examinar, se apercebeu
que os três martelos eram interligados:
por uma haste de bronze combinados...
E então lhe surgiu no pensamento
que poderia enganar o julgamento
e corajosa decisão sua mente encheu.
O seu braço direito estenderia,
seu corpo magro passaria facilmente,
sem tocar nos martelos... Bem valente
poderia então tocar a longa trave
e de um só golpe, sem maior entrave,
os três martelos ela acionaria!...
Pois então, cada um concederia
o seu dote costumeiro: sua beleza
alcançaria e igualmente sua riqueza!...
Mas fazendo bater o outro também,
ela teria de perder seu maior bem...
Mas que importava, se rica e bela ficaria?
E Maylu, desse modo, se esgueirou:
tocou com o dedo a trave mais central...
Houve um estrondo, um grito inatural
e os três martelos de um só golpe se moveram!
Os três dons igualmente concederam,
porém Maylu, nesse instante, desmaiou!...
OS TRÊS MARTELOS DE SHIVA XVIII
Deitada estava num divã, em almofadas,
com servas ao redor. Uma a penteava,
o seu banho uma outra preparava...
"Oh, grande Shiva! Enfim, eu triunfei!
Tornei-me rica! Mas bela... ainda não sei..."
E indagou de suas servas apressadas:
"Vocês me acham feia...?" E elas riram:
"Senhora, não existe alguém mais bela!...
Seu rosto é liso, tem olhar de estrela,
seu corpo está perfeito até agora!..."
Olhou seu tornozelo, nessa hora:
bem facilmente o braço e a perna estiram...
Porém viu numa mesinha a escudela...
"Mas se eu não a perdi, o que foi, então?"
"Minha senhora, os seus cabelos são
prateados como a Lua!..." disse a escrava,
que carinhosamente ainda a penteava...
"Veja no espelho como ainda é bela!..."
E Maylu viu-se bela, na verdade,
mas seus cabelos haviam desbotado...
Fora o destino, afinal, que a havia enganado...
Era formosa e rica era também,
porém perdera seu mais valioso bem,
pois o martelo lhe tirara a Mocidade!...
EPÍLOGO
Viveu rica e feliz, porém constantemente,
durante os anos que ainda lhe restavam,
sofria dúvidas que bastante a atormentavam.
Porque pensava se cumprira a sua opção
ou deveria, em outra encarnação,
retornar feia e pobre... novamente!...