CALUNDÚ
Quando a mãe do dia acordar,
do sono profundo de Iamí,
e no alto brilhar Guarací
inundando as florestas
com seus raios dourados,
o pequeno Manaú subirá ainda uma vez
por verdes cipós trançados,
à copa do Pau-rosa mais alto,
na esperança de avistar
de onde vem um estranho ronco .
Espiando com atenção,aguçando seus ouvidos,
perceberá ao longe o murmurio doce do Iguaçu
quebrado pelo barulho invasor
ziguezagueando na mata virgem,
e o som dolorido e surdo
de madeira caindo ao chão.
Do cafundó da selva ecoará forte estrondo
e Tupã despertará do seu repouso de rei,
debulhando lágrimas em forma de chuva
que inundarão a mãe terra , fazendo dia virar noite.
O pequeno curumim descerá da arvore correndo
buscando abrigo no seio farto de Ceci e de sua sabedoria:
"A natureza está morrendo meu filho,para dar lugar à ganância
dos que cortam madeira,sem respeitar Aracy .Mas um dia,numa enxurrada de ira , envolto em terrível calundú,
Tupã expulsará a motoserra e o invasor
e a terra finalmente aliviada
adormecerá em silêncio ,
envolta em paz
e respirando amor"...Marcia Tigani_ junho 2011
LINDA QUINTA FEIRA PRÁ TI! BEIJOS POÉTICOS!