David, o Martim Pescador
DAVID, O MARTIM PESCADOR
Ironi Lírio
O Martim Pescador
É um passarinho
Que nos barrancos à beira d’água
Gosta de fazer o seu ninho
Cavando um buraquinho.
Dona Passarinha
Botou no ninho os ovinhos
E de um deles nasceu o David
De um ovo pequenininho.
Dormia o tempo todo
Mas quando estava acordado
Chamava a atenção da mãe
Com o barulho do seu piado.
Abria o biquinho
Batia as asinhas
E lá vinha a mamãe contente
Trazendo no bico a comidinha.
- Este peixe, meu filhinho,
Que eu acabo de trazer
Tem bastante proteína
Para ajudá-lo a crescer;
Vão nascer peninhas novas
Na sua pele sadia
Vai ficar toda coberta
Com uma pluma bem macia!
E assim crescia o pescador
No seu ninho aconchegante
Cada dia mais bonito
Cada dia mais confiante.
Seu Martim lhe ensinou
Como voa um passarinho
E ele, como era esperto,
Aprendeu bem rapidinho
Saiu voando para o mundo
Voando bem direitinho.
Quando avistava o almoço
Dava um mergulho certeiro
Dava rasantes na água
E trazia um peixe inteiro.
A Coruja observava da árvore
Como um bom morador
E comentava com o Tucano:
- Aquele é o David Pescador!
Um dia, o passarinho
Saiu para passear
E encontrou numa clareira
Um rio para pescar.
Olhando o rio de cima
Parecia que brilhava
- Deve ter bastante peixe!
Era o que ele pensava.
- Vou beber um pouco de água
Deve estar bem geladinha
Esse rio tão brilhante
Pode ter água fresquinha!
Desceu na beira do rio
E matou a sua sede
Mas quando levantou os olhos
Viu-se preso numa rede.
Dois homens brigaram por ele
Um dizia: - vou colocá-lo na gaiola
É ali que irá viver.
Mas o outro retrucava: A rede que o pegou é minha
Vou assá-lo para comer.
Colocaram o pescador na gaiola
Até ver o que fazer
Mas o passarinho apavorado
Começou a se debater.
O chefe daquele bando
Vendo aquela confusão
Tirou o David da gaiola
E o colocou no chão:
- Esse bicho estava no rio
Não irá sobreviver
Está cheio de veneno
Do ouro que iremos ter.
O passarinho assustado
Queria sair dali
Começou a voar sem rumo
Não sabia aonde ir.
Saiu voando doente
E tudo ficou escuro
Mas quando abriu os olhinhos
Viu que estava seguro.
Foi levado para uma aldeia
Pelas mãos de um indiozinho
E o Pagé daquela tribo
Foi curar o passarinho.
Os índios daquela tribo
Que cuidam da natureza
Avisaram os policiais
Que vieram com certeza.
Era um garimpo clandestino
Aquele lugar sombrio
E o veneno que usavam
Contaminava o rio.
O garimpo foi destruído
Pelas mãos da autoridade
E os homens foram presos
Levados para a cidade.
Os índios, os passarinhos,
As plantas e os animais,
Todos estavam em festa
Saudavam a natureza
E a vida na floresta.
O passarinho doente
Agora recuperado
Agradeceu o indiozinho
E voou para o seu ninho.
Seu Martim e Dona Passarinha
Já estavam preocupados
Mas viram o filhote chegando
E ficaram aliviados.
E nós, os seres humanos
Aprendamos uma lição
A natureza é nossa amiga
Não a machuquemos, não.