Minha furreca
Dar partida de manhã
Quero ir para o trabalho
Mas no carro eu encalho
Vem a obra mais cristã
Viro a chave no contato
Grita em tom de histeria
Como ele é ingrato
Diz que está sem bateria
Ele é de fato muito afoito
Para pegar é só no tranco
Pulo as seis e ele as oito
Ainda vai aos solavancos
Basta sair da garagem
Ele já conta vantagem
Diz o mundo ter rodado
Sem ter um pneu furado
Quando chega na esquina
Sempre toca a buzina
Vejo os carros pelo espelho
O meu furou o vermelho
E a mola do estofado
É o que sempre mais amola
Deixa quem dirige irado
Pois a bunda dele esfola
O maior constrangimento
No aclive ou no declive
Com tanto vazamento
Sabem que eu ali estive
Isto é ironia de maldosos
Estacionei em frente a escola
Apareceram tantos piedosos
Me encheram de esmola
Eu então reagi feio
Acho que perdi o freio
Ando a pé como uma atleta
Ou o troco por uma bicicleta