Minha furreca

Dar partida de manhã

Quero ir para o trabalho

Mas no carro eu encalho

Vem a obra mais cristã

Viro a chave no contato

Grita em tom de histeria

Como ele é ingrato

Diz que está sem bateria

Ele é de fato muito afoito

Para pegar é só no tranco

Pulo as seis e ele as oito

Ainda vai aos solavancos

Basta sair da garagem

Ele já conta vantagem

Diz o mundo ter rodado

Sem ter um pneu furado

Quando chega na esquina

Sempre toca a buzina

Vejo os carros pelo espelho

O meu furou o vermelho

E a mola do estofado

É o que sempre mais amola

Deixa quem dirige irado

Pois a bunda dele esfola

O maior constrangimento

No aclive ou no declive

Com tanto vazamento

Sabem que eu ali estive

Isto é ironia de maldosos

Estacionei em frente a escola

Apareceram tantos piedosos

Me encheram de esmola

Eu então reagi feio

Acho que perdi o freio

Ando a pé como uma atleta

Ou o troco por uma bicicleta

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 12/06/2011
Reeditado em 07/08/2011
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