A onça e a chuva
Era verão em Roraima, a noite estava fazendo muito calor. Na maloca* seus moradores resolveram amarrar suas redes do lado de fora da casa no pau do terreiro, isso para poder dormir melhor embalado pela cruviana. Caminhando no meio do lavrado* vinha uma onça que por um acaso deu de cara com uma chuva se preparando pra cair, essa lhe perguntou: “como vai parente*, que anda fazendo?” a onça respondeu toda importante “vou fazer medo para aqueles pemon* que dorme no terreiro da maloca”.
A chuva falou: Parente! Esses pemon não tem medo de voçe esses pemon são guerreiros. A onça cheia de confiança disse: “eles tem medo sim”! Quer ver? Vai lá pra perto da maloca e fica caladinha ouvindo oquê eles vão dizer, vou rodear a maloca e abrir a garganta, urrarei com toda minha força, “farei o pau da maloca tremer”.
A chuva fez o que a onça pediu, foi para perto da maloca e ficou quietinha a espera da apresentação da onça que não demorou muito urrou alto: UUUUHÃÃÃÃ, UUUUHHÃÃÃÃ… Na maloca todo mundo já estava deitado quando ouviram os esturros da onça um caboquinho que dormia perto do pai puxou a beira da rede assustado e perguntou “que bicho é esse pai?” o caboco disse: “vai durmir curumim! “Esse è o nosso rancho dos proximos dias, é uma onça o bicho mais besta que tem pra gente caçar, amanha vou sair com os arremeracas* pra mata-la e tu vai comigo, agora vai durmir”.
Momentos depois os dois se encontram novamente no lavrado e a onça toda orgulhosa perguntou para chuva: “Que tal parente o que disseram”? A chuva muito sincera responde: “Ouvi o pai dizer pro filho que voçe será a comida dos proximos dias, que vai te caçar quando o dia amanhecer ainda vai levar o filho menor pra ver…
È parente acho que eles não tem medo de voçe, mas de mim quem sabe! Posso experimentar? a onça meio sem jeito fez sinal que sim com a cabeça, a chuva disse “faz o seguinte parente vai caladinha e senta lá perto da maloca para ouvir o que eles dizem”, a onça foi.
A chuva começou a se preparar com uma trovoada daquelas brabas, depois mandou um vento muito frio no rumo da maloca, então o tuxaua pulou da rede e gritou: “Lá vem uma chuva fria parentada vamos entrar” rapidamente todos desamarraram as redes e foram para dentro da maloca. A chuva caiu forte e molhou a onça todinha que não aguentado o frio foi procurar uma furna pra se esconder.
E até hoje é assim o caboco do lavrado tem mais medo da chuva do que da onça.
Historia baseada em contos dos povos tradiconais do lavrado Roraimense.
Escrito por: luciano alvarenga, seu criado!