Peá e Anam
Era uma vez um índio chamado Peá (coração), que gostava muito de caminhar pela floresta e de contar suas histórias imaginativas. Um dia encontrou um menino branco que fugia de um cachorro brabo que estava no mato. Peá, que era muito rápido e inteligente, ajudou o menino a esconder-se em cima de uma árvore.
- Anhangá, Anhangá, vá caçar longe de cá! – disse Peá, rindo para o menino que parecia assustado. - Anhangá é um sábio que protege as matas, ele pode se transformar em vários animais. Deve ter confundido você com um inimigo – continuou o índio.
- Hum... Realmente, não sou inimigo. – disse o menino.
- E a cobra Boitatá, você conhece? – questionou o índio.
- Ah, sim, é uma espécie de fantasma, tipo um clarão assim... – respondeu ele entusiasmado.
- Çupi! – falou Peá.
- O quê? – voltou a questionar o menino.
- Eu disse ‘verdade’, só que na língua indígena. – disse, o filho da floresta.
- Legal, a gente aprende inglês na escola. – finalizou, o menino.
Enquanto estavam sentados no galho da árvore, daquela terra há mais de 500 anos descoberta pelos brancos e há muito mais habitada pelos índios, conversaram sobre diversos assuntos, valorizando e aprendendo com a cultura do outro.
- Anam! Vou te chamar de Anam. – disse Peá, descendo da árvore.
- Por quê? O que significa? – perguntou o menino branco.
- Amigo, na língua indígena. – respondeu Peá.
Anam foi para casa feliz da vida já que tinha feito um novo amigo. Peá saiu correndo dentre as árvores e galhos esverdeados da floresta, feliz pelo seu dia de índio. Para Anam aquele foi o dia do índio, da amizade, de ganhar um nome indígena, de aprendizado. Para Peá, foi o dia entender que não pertence apenas a uma tribo em uma terra estranha, mas a um país que respeita, aprende e se orgulha de seus índios.