O cachimbo da vovó

Fumega a vovozinha encostada no fogão,

Baforadas azuladas com seu cachimbo de barro,

Perde-se em pensamentos numa nuvem de ilusão,

Saudades quem sabe, dos idos da mocidade,

Lembranças cativas,quem pode dizer ?

Fuma a boa velhinha entretida no fogão,

Contando histórias bonitas para toda meninada,

Historias tristes dos tempos da escravidão,

Historias medonhas, fantasias, histórias de assombração,

Pita seu cachimbo a amável anciã,

Distribui bolos, bolachas e doces de mamão,

Perde-se mais uma vez nas baforadas esbranquiçadas,

Da uma risada gostosa, chega mais perto dos netos,

Afaga o gato rajado, companheiro de fogão,

Faz o chá de camomila, abençoa a criação,

Com suas mãos ressequidas pila a paçoca no pilão,

Vive assim a vovozinha, seus dias de aceitação,

Baforando no seu cachimbo, brancas nuvens de algodão.

Techodelogte
Enviado por Techodelogte em 02/05/2011
Código do texto: T2944311
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