A OPERAÇÃO
A OPERAÇÃO
Quando os animais falavam, aconteceu que o tamanduá-bandeira ficou
mudo e para demonstrar sua amizade ele se abraçava aos seus amigos; e num destes abraços ele quebrou as costelas da srta. Irara.
Chamaram o doutor, que era nada menos que o Sr. Tatu, e o enfermeiro era o jovem Coelho.
Assim que médico e enfermeiro chegaram, chegou também a dona Coruja, que naqueles tempos fazia bruxaria como forma de tratamento medicinal.
A enfermaria era a caverna de dona Onça, e a mesa para a operação era o casco de uma tartaruga gigante, onde foi posto a enferma.
Tudo pronta para a operação, é melhor dar uma explicação, uma vez que a agulha para a injeção “anestesia” era uma vara de bambu; e o bisturi era um aparador de gramas.
O doutor levanta o bisturi para começar a operação eis que batem à porta:
- Toc toc.
- É aqui que está sendo operada a srta. Irara?
- Sim. Por quê?
- Sou curandeiro, se precisarem dos meus préstimos estou às ordens.
Fecharam a porta e voltaram atenção a operação.
- Toc toc.
Era o rei Leão, que naqueles tempos idos era o farmacêutico da região e mais além. Sem mais interrupções fizeram a operação, mas para fechar a incisão faltou esterilizante; no que resolveram usar o spray do Sr. Gambá.
Após bem esterilizado, fizeram a sutura com um espinho do galante
Ouriço-caixeiro. Até aí tudo bem, mas contrataram para ama-seca (enfermeiro pós-operatório) o faminto Jacaré.
Três dias após a operação o Dr. Tatu e o enfermeiro voltaram para a
revisão pós-operação, só encontraram o faminto Jacaré dormindo com a barriga em tempo de estourar, pois o miserável tinha acabado de comer a enferma.
O cargo de delegado lá por aqueles lados era ocupado pelo Dr.
Hipopótamo, que a muito custo e preguiça prendeu o assassino.
Excelentíssimo Dr. Juiz, o elefante, julgou e condenou o réu a guilhotina.
Sem mais delongas o faminto jacaré foi guilhotinado.
E no enterro estavam todos os amigos da srta. Irara, menos eu e você.
(26/01/1974)