BONEQUINHA DE PANO
Julinha, a garotinha pobrezinha,
Ganhou uma bonequinha de pano,
Mole, mole, quase se desfazendo,
Mas que se tornou sua amiguinha,
Que não dormia sem com ela brincar.
Vestidinhos surrados se desbotando,
Eram as únicas que podiam trocar,
E que pedia à mamãezinha lavar,
Quando se tornavam sujinhos,
Para ao menos mais tempo durar.
Brincava como se soubesse falar,
Cochichando para ninguém escutar,
Pois nas confidências de menina,
Dizia que já tinha namoradinho,
O menino da Escola seu amiguinho.
Perguntava à bonequinha de pano,
Se ela tinha também amiguinhas,
E vendo que ela não respondia,
Falava baixinho que iria lhe arrumar,
Bonequinhas de pano para ela brincar.
Quando o sono já vinha chegando,
Tirava o cobertor para ela cobrir,
Pois sabia que no seu barraquinho,
O vento frio penetrava nas frestas,
E não queria ver sua amiguinha sofrer.
Foram tantos os papinhos gostosos,
Que um dia resolveu dar-lhe um nome,
E pensando bem pediu aos Anjinhos,
Um bem bonito eles lhe indicassem,
E gostou de Aninha que assim ficou.
25-04-2011