Ana Luiza - (IV) – A neta em: “ O Trenzinho do Castelo ”
Domingo, 17 deste, fiz diferente.
Com muita saudade de Ana Luiza, liguei para meu filho Hermann;
-Opa, atende ele. Tudo bão?
-Bem e você? E Ana Luiza, dormindo?
-Nada. Já estamos na rua. Estamos aqui na reserva florestal do Parque Ursulina de Andrade.
O relógio ainda não marcava 9:00 horas da manhã.
-Onde cê tá?
- Tô aqui em baixo na portaria de seu prédio. (bairro Castelo - BH-MG)
-Uai!!!, assusta ele.
- Então desça minha rua, vire à esquerda duas vezes, estamos esperando.
Cheguei rapidinho.
Abri os braços e Ana Luiza retraiu-se, virando o rostinho pro parque, a se esquivar. Também fazia mais de mês sem vê-la, logo, iria precisar de um tempinho pra ela.... Fomos olhando os patinhos nadando, o jaboti na superfície d’água, andando fui puxando conversa e ela evitando me encarar. De repente começou a chorar.
-Ela não teve uma boa noite, não sei porque e levantou de mau humor, falou Hermann.
Ana Luiza, vamos lá ao escorregador, disse sua mãe Cynthia. Chama o vovô, filha, chama.
Pois não é que ela esticou o bracinho, fez um gesto com a mãozinha e falou vô?
Foi a primeira vez que a ouvi falando “vô”. Fantástico.
Sua mãe até que insistiu num repeteco, mas ficou nisso mesmo.
Fomos andando entre patos e gansos, os micos-estrelas pulando de galho em galho com a elegância e leveza de um balé clássico, até aos escorregadores. Num instante, Ana Luiza já brincava na areia com as coleguinhas. O sol ia se abrindo, já se desenhando para aquele domingo, uma bela de uma manhã.
As coisas no acaso, as vezes saem melhor do que programado, pensei comigo. De repente, apitou lá no extremo da rua Sylvio Menicucci, o trenzinho colorido que circula pelo bairro, anunciando sua chegada.
Oba, tô dentro, quero conhecê-los; trem e bairro. Fofão - bochechudo de cabelos vermelhos, camisa de seda azul com mangas compridas, calça larga de seda vermelha, sapatos de bicos grandes - desceu alegrando as crianças, causando espanto em outras e deixando uma interrogação pra nós adultos, ao sabermos de suas peripécias no trem.
Entramos, Ana Luiza já de bem com a vida, foi assentada em meu colo. Soa a campainha, o trem parte numa longa reta, música do Balão Mágico rolando solta, Fofão no estribo acena para os prédios, convidando para o passeio. O trem para e entra mais gente. Ele desce, conversa com as pessoas e parece esquecer do trem.
Quem aparece pro passeio? Popeye; isso mesmo, o legendário
( Popai). Agora que o circo vai pegar fogo, pensei. Se o magrelo do Fofão sobe paredes, Popeye então, comendo espinafre, deve escalar um prédio. Olhamos para trás, lá vem Fofão correndo desesperado e sobe no último módulo da composição.
Mais adiante, no sinal, ele desce, sobe a rampa de um centro comercial de esquina, acessa o corrimão do pátio, dá uma cambalhota e fica dependurado com o corpo pra fora do gradil, faltando uns 3 metros para atingir o passeio da rua lateral. O trem aproxima-se, ele se despenca, atravessa a rua correndo, bate com a cabeça num Orelhão - a meninada ri, - cai, levanta, corre, e se agarra de novo no estribo. Aproxima-se outra esquina, Fofão pula, dispara à frente do trem, uma mulher parada, lê uma revista, ele mete a cabeça pra ler também, ela se assusta, ele corre e junta-se a nós.
Ana Luiza? Ahhh, já estava tirando uma soneca.
Mais um minuto, pula de novo, vira a esquina e quando chegamos perto, quem está de braços cruzados sentado no alto da laje de um sobrado? Ele, o próprio. Fofão, que de um salto só cai no chão, corre e agarra-se no estribo. Ofegante, deslumbra a paisagem, certamente pensando n’outra aventura.
Nestas alturas, já me encontrava absurdado.
Com o porte esguio de um atleta de salto triplo, a flexibilidade de um ginasta olímpico e a sutileza de um ninja, Fofão é atraente mais que um palhaço. Chega a se expor. Pra mim, ele se compara com um “traceur,” como é chamado o praticante do “Parkour,” o mais recente esporte da atualidade, que nasceu na Franca. Nele, os jovens saem à procura de adrenalina na superação de obstáculos naturais e arquitetônicos, encontrados pelos mais diversos cantos da cidade, onde transpõem altos muros, telhados, escadarias, pontes e tudo o mais vier pela frente, em que possa se traduzir em risco. Você deve se lembrar. Recentemente, as televisões de nosso país exibiram as verdadeiras acrobacias executadas pelos jovens nos grandes centros.
Parabéns Fofão!
Estou de longe, mas torcendo por tua sorte. Até mesmo pela causa - mais do que nobre,- a que resolvestes colocar tua sobrevivência, ao contínuo risco de morte.
À netinha Ana Luiza uma Feliz Páscoa!
Domingo, 17 deste, fiz diferente.
Com muita saudade de Ana Luiza, liguei para meu filho Hermann;
-Opa, atende ele. Tudo bão?
-Bem e você? E Ana Luiza, dormindo?
-Nada. Já estamos na rua. Estamos aqui na reserva florestal do Parque Ursulina de Andrade.
O relógio ainda não marcava 9:00 horas da manhã.
-Onde cê tá?
- Tô aqui em baixo na portaria de seu prédio. (bairro Castelo - BH-MG)
-Uai!!!, assusta ele.
- Então desça minha rua, vire à esquerda duas vezes, estamos esperando.
Cheguei rapidinho.
Abri os braços e Ana Luiza retraiu-se, virando o rostinho pro parque, a se esquivar. Também fazia mais de mês sem vê-la, logo, iria precisar de um tempinho pra ela.... Fomos olhando os patinhos nadando, o jaboti na superfície d’água, andando fui puxando conversa e ela evitando me encarar. De repente começou a chorar.
-Ela não teve uma boa noite, não sei porque e levantou de mau humor, falou Hermann.
Ana Luiza, vamos lá ao escorregador, disse sua mãe Cynthia. Chama o vovô, filha, chama.
Pois não é que ela esticou o bracinho, fez um gesto com a mãozinha e falou vô?
Foi a primeira vez que a ouvi falando “vô”. Fantástico.
Sua mãe até que insistiu num repeteco, mas ficou nisso mesmo.
Fomos andando entre patos e gansos, os micos-estrelas pulando de galho em galho com a elegância e leveza de um balé clássico, até aos escorregadores. Num instante, Ana Luiza já brincava na areia com as coleguinhas. O sol ia se abrindo, já se desenhando para aquele domingo, uma bela de uma manhã.
As coisas no acaso, as vezes saem melhor do que programado, pensei comigo. De repente, apitou lá no extremo da rua Sylvio Menicucci, o trenzinho colorido que circula pelo bairro, anunciando sua chegada.
Oba, tô dentro, quero conhecê-los; trem e bairro. Fofão - bochechudo de cabelos vermelhos, camisa de seda azul com mangas compridas, calça larga de seda vermelha, sapatos de bicos grandes - desceu alegrando as crianças, causando espanto em outras e deixando uma interrogação pra nós adultos, ao sabermos de suas peripécias no trem.
Entramos, Ana Luiza já de bem com a vida, foi assentada em meu colo. Soa a campainha, o trem parte numa longa reta, música do Balão Mágico rolando solta, Fofão no estribo acena para os prédios, convidando para o passeio. O trem para e entra mais gente. Ele desce, conversa com as pessoas e parece esquecer do trem.
Quem aparece pro passeio? Popeye; isso mesmo, o legendário
( Popai). Agora que o circo vai pegar fogo, pensei. Se o magrelo do Fofão sobe paredes, Popeye então, comendo espinafre, deve escalar um prédio. Olhamos para trás, lá vem Fofão correndo desesperado e sobe no último módulo da composição.
Mais adiante, no sinal, ele desce, sobe a rampa de um centro comercial de esquina, acessa o corrimão do pátio, dá uma cambalhota e fica dependurado com o corpo pra fora do gradil, faltando uns 3 metros para atingir o passeio da rua lateral. O trem aproxima-se, ele se despenca, atravessa a rua correndo, bate com a cabeça num Orelhão - a meninada ri, - cai, levanta, corre, e se agarra de novo no estribo. Aproxima-se outra esquina, Fofão pula, dispara à frente do trem, uma mulher parada, lê uma revista, ele mete a cabeça pra ler também, ela se assusta, ele corre e junta-se a nós.
Ana Luiza? Ahhh, já estava tirando uma soneca.
Mais um minuto, pula de novo, vira a esquina e quando chegamos perto, quem está de braços cruzados sentado no alto da laje de um sobrado? Ele, o próprio. Fofão, que de um salto só cai no chão, corre e agarra-se no estribo. Ofegante, deslumbra a paisagem, certamente pensando n’outra aventura.
Nestas alturas, já me encontrava absurdado.
Com o porte esguio de um atleta de salto triplo, a flexibilidade de um ginasta olímpico e a sutileza de um ninja, Fofão é atraente mais que um palhaço. Chega a se expor. Pra mim, ele se compara com um “traceur,” como é chamado o praticante do “Parkour,” o mais recente esporte da atualidade, que nasceu na Franca. Nele, os jovens saem à procura de adrenalina na superação de obstáculos naturais e arquitetônicos, encontrados pelos mais diversos cantos da cidade, onde transpõem altos muros, telhados, escadarias, pontes e tudo o mais vier pela frente, em que possa se traduzir em risco. Você deve se lembrar. Recentemente, as televisões de nosso país exibiram as verdadeiras acrobacias executadas pelos jovens nos grandes centros.
Parabéns Fofão!
Estou de longe, mas torcendo por tua sorte. Até mesmo pela causa - mais do que nobre,- a que resolvestes colocar tua sobrevivência, ao contínuo risco de morte.
À netinha Ana Luiza uma Feliz Páscoa!