O SONHO DE DIVA*
Aquele parque era o sonho de Diva. Só o conhecia por fotos e pela televisão.
– Um dia ainda vou visitar esse parque – pensava ela, esperançosa.
Morava numa cidadezinha do interior do Estado do Pará. Seus pais não tinham recursos. O dinheiro que ganhavam mal dava para o alimento diário.
Um dia acordou com uma idéia. – Vou escrever para o dono do parque contando da vontade que tenho de visitar ele. Confio que ele me ajudará.
Levantou-se, pegou caneta e papel e começou a escrever o que lhe vinha à cabeça.
“Prezado dono do parque Beto Carrero”
Meu nome é Diva da Silva e tenho dez ano. Sou uma garota fascinada pelo seu parque. Fico dias e dias sonhando em conhecer ele, mas meus pais não têm condições de me levar até aí...”
Pediu para seu pai arrumar uma bicicleta emprestada para levá-la até um posto dos correios, que ficava alguns quilômetros dali. Ali depositou sua carta e também a esperança.
Depois disso foi que não parou mesmo de pensar no tal parque. Todas as noites sonhava, até acordada, que o carteiro chegava a sua casa trazendo a tão esperada resposta do proprietário do parque.
Passaram-se dois, três, seis meses e nada de resposta. As pessoas que sabiam o que ela fizera começavam a dissuadi-la, dizendo que a tal carta talvez não tivesse chegado ao seu destino.
Diva, contudo, não desistia do sonho de ver aquele parque de perto.
Mais meses se passaram. Tudo levava a crer que as pessoas tinham razão: a carta não chegou ao destinatário.
Uma manhã de sábado, quando Diva relia o rascunho da carta que enviara, ouviu uma voz de alguém que dizia: carteiro, carteiro.
O coração de Diva disparou a mil por hora. Correu para a porta, onde sua mãe já estava recebendo um envelope com selo de Santa Catarina.
– É do parque filha! É do parque!
Abriram com rapidez o envelope. Na carta, o próprio Beto Carrero, proprietário do parque, dizia ter ficado sensibilizado com a história de Diva e mandava duas passagens de avião para que ela e sua mãe fossem conhecer o "Beto Carrero World".
A passagem estava marcada para uma semana depois. Diva não se continha de alegria e ansiedade.
Chegou o dia da viagem, Diva e sua mãe embarcam no avião no aeroporto de Val de Cães, em Belém, e poucas horas depois estavam em Florianópolis, de onde foram recebidas por uma comitiva e levadas ao parque.
Quando chegaram, Diva não sabia por que brinquedo começar, queria todos ao mesmo tempo. Mal podia se conter de tanta felicidade.
No dia seguinte, agradeceram a Beto Carrero a oportunidade e voltaram para sua cidadezinha, certas de que vale a pena lutar por um sonho.
* COSTA, LAIRSON. CONTANDO HISTÓRIAS, Belém: L & A Editora, 2005.