Minha tia é uma bruxa!

Quando estava perto de fazer 7 anos e já sabia ler de tudo, minha tia me deu, mesmo ainda faltando 1 mês pro meu aniversário, um livro que contava a historia de uma menina que apenas descobria pertencer a uma família de bruxas quando fez 7 anos e passou por um rito de iniciação.

Claro, era uma história para crianças, as bruxas do livro não faziam medo, mas eu sempre tinha ouvido histórias terríveis sobre elas.

O fato é que depois que li o livro comecei a prestar mais atenção na tia Kátia. Eu morava na casa dos meus avós, com minha mãe e essa tia que era jovem na época, devia ter seus 21 anos.

Comecei a notar que tia Kátia agia de modo estranho. Ninguém podia entrar no seu quarto, às vezes dava telefonemas estranhos, como em código e sempre conversava com aquele gato gordo dela.

Ora, todo mundo sabe que toda bruxa tem um gato.

Quando foi se aproximando da minha festa de 7 anos, aí sim, ela ficou esquisita.

Começou a falar baixinho quando eu chegava. Saía o tempo todo e voltava com sacolas enormes que eu não sabia o que era. Escondia tudo no seu quarto. E eu, claro, não podia nem sonhar em entrar.

Uma vez quando a porta abriu sem querer, jurei ter visto uma vassoura dentro.

Na escola, conversei com minha melhor amiga, Kayla. Falei das minhas suspeitas e de como eu estava triste de ter esse terrível destino.

Ela me consolou e me lembrou de um filme que vimos juntas, sobre Bruxas boas, e como elas ajudavam seus amigos com seus poderes.

- Imagina só! Você pode transformar esse bolo horrível de cenoura que minha mãe faz numa deliciosa torta de chocolate.

E lambeu os beiços de olhos fechados ao pensar.

É, ao menos ALGUÉM está bem feliz com tudo isso.

De tarde, quando cheguei em casa, minha tia estava na cozinha, mexendo uma panela com a colber de pau. Ai! Eu juro que parecia toda com uma bruxa!

- Não foi trabalhar hoje, tia?

- Meu chefe viajou para um congresso. Me deu o dia de folga. - veio com a colher de pau que tinha uma gosma nojenta dentro, aparando com a outra mão, me ofereceu - experimenta se tá bom...

- Aaaaaah - foi o grito que eu dei e saí correndo pro meu quarto lá em cima. Do topo da escada ouvi minha avó perguntar

- O que houve aqui, Katia?

- eu não sei ué!

Hum! Fingida!

Depois daquele dia, ela estava sempre com aqueles olhos grandes e castanhos em cima de mim. Às vezes, o namorado dela estava lá em casa e eu pensava o que ele ia achar se soubesse que namorava uma bruxa. Era gente boa, o João. Eles casaram alguns anos depois. Sempre era simpático comigo.

- e então formiguinha, - sim, ele me chamava assim - está ansiosa para seu aniversário de sete anos? - e piscou. Ele piscou!

- Ele sabe! - Kayla disse lendo meus pensamentos. - Vai ver ele é um também!

- Não viaja!

Mas sei lá, podia ser mesmo.

Os dias passaram e eu fui me resignando àquilo, pensando que talvez na minha família as bruxas fossem boas, como as do livro. Até achei que seria interessante saber fazer algumas mágicas.

Tanto me convenci que no dia do meu aniversário estava até feliz em ser bruxa.

Minha mãe me levou ao shopping pra comprar uma roupa mais bonita, depois fomos ao parque.

Fui à casa do meu pai, que não via há uma semana. Ganhei uma boneca linda, quase do meu tamanho. Brinquei um pouco com meu irmãozinho mais novo que é filho só do meu pai, troquei de roupa e meu pai anunciou que era hora de ir pra casa da minha mãe.

Fiquei muito calada no carro. Mesmo estando feliz em ser uma bruxinha, não pude deixar de ficar nervosa. E se o ritual não fosse igual ao do meu livro? E se tivesse que comer cobras e rãs?

- O que houve, princesa? - meu pai me olhou pelo retrovisor.

- eu só estou um pouco nervosa.

- ora, sempre ficamos assim no dia do aniversário. Você me perdoa por não passar mais tempo com você? Tenho muitas provas para corrigir...

- tá tudo bem.

Meu pai era professor em duas escolas, sempre tinha provas para corrigir.

Chegamos à minha casa. Tudo escuro. O ritual já deveria estar preates a começar. Minha barriga doeu, meu pai tocou a campainha e minha mãe abriu a porta.

Era isso.

Chegava a hora.

De qualquer forma quando minha mãe abriu a porta...

SURPRESA!

Era uma festa de aniversário, com todos os meus amigos do prédio e da escola. A Kayla e a mãe dela estavam lá.

- você aabia de tudo? Perguntei gritando animada.

- se alguém contasse à Kayla ela te diria com certeza!

Todos rimos. Fui ver a mesa de doces e não tinha rã nem nada!

Tinha era muito docinho feito pelas mãos de fada de tia Kátia!

p.s.: história fictícia.

Karine Maria Lima
Enviado por Karine Maria Lima em 02/04/2011
Reeditado em 24/04/2021
Código do texto: T2886121
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