O ciclo das águas
O mar chamou o sol, e pediu que levasse ao céu o seu espírito. E o sol, transformou o espírito do mar em nuvens.
Depois o mar chamou o vento, e pediu que soprasse as nuvens por todos os lugares da terra.
Por onde o espírito do mar descia, em forma de chuva, a terra ia se cobrindo de verde, flores, frutos e vida.
Logo nasceram os cursos d’ águas, tornando-se os vasos sanguíneos da terra.
Por muito tempo o espírito do mar retornava feliz, cantando e dançando pelos vales, e saltitando nas cachoeiras.
Por onde o espírito do mar passava, ia saciando a sede dos animais e plantas, e semeando a vida, como o sangue que retorna ao coração de onde saiu.
Um dia, entre os outros animais, a espécie humana foi tornando-se diferente, soberba e ingrata.
Os humanos em sua arrogância se intitularam seres superiores, e passaram a destruir a vegetação, desrespeitar os animais e envenenar as águas.
Hoje o espírito do mar retorna humilhado e triste, trazendo com ele o lixo, e a ingratidão dos humanos.
Nas praias e nos manguezais, as águas exalam o cheiro de putrefação e morte.
Com a ajuda do irmão sol e do irmão vento, o espírito do mar continuou cumprindo sua missão, como quem semeia o bem, sem reclamar da aridez dos corações.
O mar ainda tenta na sua beleza, esconder seu sentimento, e a tristeza da vida que nele agoniza, na esperança que um dia os humanos entendam, que cada nascente é sagrada, e nada deve ser modificado no caminho das águas.
Cegos pela sua ignorância e ambição, os humanos não percebem que estão matando a si mesmos.
Acioly Netto - www.guiadiscover.com