PEQUENO CAMINHEIRO(Parte IV)
(Onorato Ferreira Lima Filho)
Após longa caminhada,
Sentados a beira de uma fonte,
Beberam água cristalina,
Saciaram a sede,
E banharam-se na mina.
A cobra levantou-se esguia,
Olhou para o menino e perguntou:
- O que dizes, sobre o desdenho?
Respondeu-lhe o caminheiro.,
- Cara amiga, vos direi no entanto,
Que o desdenho é tão patético como o é a ironia,
E displicência é tão fútil quando a rebeldia sem causa.
Suspirou a cobra e disse:
O que dizes vos sobre o amor?
- Vos direi sobretudo:
- Olhe para dentro do teu coração, o que sentes por mim?
- Sinto um carinho sem fim, um gostar fora do comum,
olhos nos teus olhos e tenho ternura,
Nos teus atos, bravura,
E no teu falar a doçura do mel.
- E o que farias por mim?
- Faria o impossivel ao meu alcance para não te ver chorar.
Então finalizou o caminheiro:
- Ai está o amor, uma boa definição. Tu mesmo respondeste o que é o amor.
- Olha a natureza, a abelha na flor da laranjeira, o beija-flor sugando a flor...
Isso tudo é amor.
Fixando os olhos do caminheiro, insistiu a cobra:
- E o amor homem e mulher?
Respondeu:
- Ah! Minha cara amiga, ai, a coisa complica um pouco mais,
Mas, de qualquer forma, nos corações das pessoas, Deus depositou
a semente do amor e deu-lhes vontade e inteligëncia para que o ser Elas saibam como viver bem no amor.
E nem sempre elas conseguem a plenitude desse amor, porque o egoismo macula-o. O ciume rasga a pele fina do amor e o expõe ás intempéries das relações.
O amor entre seres humanos, tem conotação com o amor entre animais, a única diferença é que um é racional e o outro é irracional.
- Disse a cobra coçando o queixo:
- E quem é irracional?
Respondeu o caminheiro:
- O ser humano.
Silenciou a cobra, e o caminheiro encostou-se nos ombros da borboleta e dormiu profundamente.
E a cobra sorrindo, acariciou a face do caminheiro e o beijou a testa, deitando-se ao lado dele e suspirando, dormiu satisfeita.