Fábula: D. Terra e D. Formiga
A Terra toda poderosa imensa e majestosa oprime e rir da formiguinha que tanto se reprime em sua labuta.
-D. Terra eu luto tanto, é dia e noite e além de tudo isto ainda pago imposto, preciso de documentos para ser identificado, afinal o que é e quem sou eu?
A Terra com todo seu poder e toda perfeita em tudo é sabedoria, não responde mais, apenas incentiva e faz apologia, já que nada faz para defender a formiguinha.
-Aí D.Terra, está em me mesma toda esta maldade, já que para ser respeitada e reconhecida preciso de identidade? dinheiro? universidade? sou natureza também, e dela faço parte, cresço e multiplico e de todos os animais eu sou aquele que mais dou o duro, pois furo a senhora toda, abrindo caminhos para todas as possibilidades, queria apenas ser reconhecida, sem ser preciso ser tão desmoralizada, afinal de contas a senhora é tão imensa! - as vezes eu penso D. Terra que é por existir esta disparidade tão grande que nós nos anulamos tanto e vivemos valorizando tudo menos nós mesmos. Olha que tolice o que fazemos, para sermos respeitadas; construímos valores que nos desvalorizam, já que umas tem mansões e outras nem onde morar tem! que humilhação... não gosto de ver meu irmão sem esperança de um chão.
D.Terra escuta tudo, em silêncio absoluto, quanto mais é explorada mais calada em sua imensidão e as formiguinhas dia e noite lutam inventando mais problemas, mais complicação e continuam buscando afirmação, já que nem nelas mesmas confiam...coitadinhas são inseguras, só inventam confusão, por onde passam deixam um rasgão, buraco e devastação. Competições injustas, trabalhadoras egoístas, vivem para trabalhar, vivem para comer, vivem para destruir, vivem para cavar, vivem para furar, vivem para matar...
D.Terra espera pacientemente o entendimento das formiguinhas, espera silenciosamente em sua sabedoria o dia em que as formiguinhas entendam que não é destruindo que irão construir e assim a natureza não tem pressa, o infinito não conta o tempo, o tempo foi mais uma das invenções das formiguinhas.
D.Terra não tem certidão de óbito pois nunca inventou o de nascimento e nem o de casamento pois é solteira.
Parabéns D. Terra a senhora se valoriza, sem necessitar de grife, já que também nunca se vestiu em sua sabedoria sempre andou nua em sua plenitude.