O BABAÇU

O BABAÇU

Era temporada das chuvas no Nordeste, época que o verde surge no agreste. A vida surge em toda parte e as historias são narradas com arte. Esta ocorreu lá nas bandas do estado do Maranhão, onde são plantados lindos Babaçus formando uma multidão.

Iniciava um novo ciclo no planeta, chovia e o céu esta de cor violeta, ali estava o lindo pé de Babaçu, também chamado de bauaçu. Este fora plantado num lindo jardim a beira-mar. Era a mais alta arvore do lugar e por isso sempre vivia a se gabar.

No seu intimo, com a copa acima de todos se sentia sozinho, via pessoa lá longe vindo e indo pelo caminho e passava dias vendo as ondas a espumar e sentia-se fraco a enorme palmeira como se fosse uma pequena roseira.

Um dia pula algo no seu tronco, este era sensível apesar bronco, era algo pequeno, era uma rã, verde da cor da folha da hortelã. Ela veio fugindo de uma jaçanã que queria a pequena rã para o café da manhã.

A pequena rã ficou ali escondida, subindo alto no tronco grosso, tentando não ser alvo e comida pela marrom jaçanã.

Como sempre por ali aparecia um ou outro pernilongo, a rã poderia passar um período muito longo, escondida da faminta ave bela e pernalta. Como chovia de nada sentiria muita falta, pois tinha comida e bebida a vontade e agradecia a natureza por essa bondade

A palmeira arrogante se sentiu incomodada e queria que a moradora fosse logo mudada.

Mal a rã começa o seu coaxar melodicamente, que o babaçu gigante reclamava histericamente.

A árvore imponente pediu ajuda ao sabitu e também implorou para um triste jaburu, pois não queria nada em tronco longilíneo nem que fosse um parente sanguíneo.

Triste ficou a pequenina rã por ver que causava tristeza a palmeira e resolveu se mudar.

Deixou a sua segura morada dando bobeira e mal saiu do esconderijo, acabou indo parar no papo da jaçanã e isso ocorreu num dia chuvoso, numa manhã, cinzenta com o sol escondido atrás das nuvens como estava à pobre rã escondida da jaçanã.

Então o Babaçu suspirou aliviado, tinha conseguido o que ele queria, agora ele seria o que ele achava que seria uma arvore enorme, frágil e muito preciosa por ser única, pois ignorava que era uma em milhões.

Naquele mesmo dia de chuva, o vento passou pelas folhas do babaçu de maneira forte e ele firme sempre em suas escolhas, e a chuva foi cada vez ficando mais forte, até que um momento virou temporal e o vento ficou forte e invernal e como o Babaçu se recusava em se inclinar, seu troco quebrou ao meio e ele caiu perdendo todo o seu anseio.

Apodreceu aos poucos seu palmito ao longo dos meses, feio ficou deixando de ser bonito.

O Babaçu por achar que sempre estava certo esqueceu que do nosso futuro é incerto e que devemos cultivar o bem o inclinar às vezes também.

André Zanarella 02-01-2011