Sonho que não se vê
Bebê,
Quando dorme
Escuta, ou escuta
Enquanto finge que dorme?
Bebê,
Em seu mundo noturno
Os acontecimentos são repentinos
Ou acontecem devagarinho?
As ruas são de brinquedo
E as árvores contam segredos,
Os parques são seguros
E todos os passarinhos têm ninhos?
Bebê
Me diz,
Como seu mundo é escrito
Em prosa ou em poesia?
Tomamos leite de manhã
E suco ao meio dia
Ou os próprios rios
Vêm, e nos saciam?
Eu quero saber,
Bebê,
Como posso
Chegar em seu belo mundo?
Não tenho passagens,
Os carros não chegam
Os aviões pestanejam,
O frio é doído
E o Calor amargurante,
Sem sentido
Bebê,
Quando abrimos os olhos
Pro seu mundo destemido
Os pôneis são coloridos
As corujas ficam velhas e sabidas
Os peixes reluzem nas águas tranqüilas
À noite, e ao entardecer?
Em seu Mundo
Bebê,
O arco-íris pode ser desmontado
E como quebra cabeça,
Voltar a ser montado?
As bicicletas precisam de rodas
Ou voam quando o vento assopra?
E as nuvens, são tagarelas
Ou cochicham baixinho?
Pernilongos ainda picam
Ou brincam sem mal causar?
Os papagaios conversam
Ou imitam o leão a uivar?
Bebê,
Só você
Pode-me fazer entender,
Se no seu mundo
O amor escolhe, ou é escolhido
Alguns choram por ele,
Ou ele leva todos à seus destinos,
Só você pode
Me dizer,
Se papai e mamãe
Quando vão partir
O rosto deles some
Ou o sorriso continua
Ainda existindo,
Se Jesus é homem feito
Ou ainda é menino,
Se algum dia ele
Fez um pedido:
Nunca ficar sozinho!
Não sei se você dorme,
Ou se logo acordará
Mas de uma coisa tenha certeza,
Se ao seu mundo não consegui voltar,
Eu pedirei a um anjo
Pra subir ao céu
Pegar uma estrela
E neste mundo
Te confortar!