O GATO E O RATO PROFESSOR

Rato
 
Fidel era um gato inteligente e bem sucedido, mas sua vida não tinha sido fácil. Ainda pequeno havia sido deixado na porta do armazém do seu Manoel, que o encontrou quase morto de frio e fome. Seu Manoel o alimentou e, depois que ficou forte e bonito, foi contratado para trabalhar no armazém. Havia muitos ratos por lá e seu Manoel queria um vigia eficiente.
Como todos sabem, gato e rato não se dão bem e onde há gato, o rato não tem vez.
Fidel vigiava o armazém com todo cuidado, mas logo que dormia, vencido pelo cansaço, um rato ou outro sempre aparecia à procura de comida.
Uma manhã Fidel encontrou cocô de rato pelo caminho e ficou furioso.
Não é possível que esses pilantras tenham aproveitado uma cochilada minha para invadirem os meus domínios. Eu vou lhes pregar uma peça, ora se vou!
Os ratos, sempre que ouviam o gato miar, se escondiam. Mas uma noite os ratos ouviram um cachorro latindo e a mãe rata disse para o marido e para os filhos: gente, vamos comer. Ouvi um latido e, se tem cachorro por perto, significa que não tem gato. Assim como os gatos não nos suportam, também os gatos têm os cachorros como inimigos.
- Por quê, mamãe? – perguntou o ratinho filho.
- Ah, meu filho, isso eu não sei não. Pede ao seu pai pra entrar no google e ver se tem alguma explicação. Agora é melhor a gente sair para ver se encontramos alguma coisa pra comer. Estou morta de fome!
Os três saíram, cautelosamente, pela passagem que ia diretamente ao armazém..
O cachorro continuava a latir e, quando os ratos já estavam no armazém, o gato apareceu e agarrou o rato pai.
- Ah...peguei você direitinho hein! – disse o gato.
- Mas seu gato, eu estava ouvindo o cachorro, como é que o senhor está aí?
- Era eu mesmo, seu bobo – respondeu o gato. Era eu que estava latindo. Hoje em dia, quem não fala pelo menos duas línguas, está ferrado, meu camarada. Eu sei miar, mas também sei latir, mugir e, se precisar, sei até cacarejar como as galinhas.
O ratão, mais que depressa, pediu ao gato para soltá-lo para falarem de negócios.
- Sabe seu gato, eu estava pensando em botar o meu filhote para aprender com o senhor e eu pagaria muito bem. Nós acabamos de receber uma herança, não é ratona?
- É, querido – falou a ratona que ainda estava tre-
mendo de medo. Pensamos em dar uma boa educação para o nosso filho. A gente pode perder tudo na vida: dinheiro, carro, celular, disco da Xuxa e até amigos, mas ninguém pode tirar, de dentro da nossa cabeça, tudo que aprendemos, não é mesmo?
- Olha, dona ratona – disse o gato - eu achei as suas palavras tão inteligentes que gostaria de ficar seu amigo. Até hoje eu era inimigo dos ratos porque já nasci ouvindo que rato e gato não se suportavam. Mas pensando bem, não se ganha nada com brigas. Quando a gente briga diz coisas que magoam o outro e, o pior é que quase ninguém sabe pedir desculpas.
- Oh, seu gato, eu lhe fico muito grata – res-pondeu a ratona. Eu também gostei de conhecer melhor o senhor, um cara tão legal!
O gato, que adorava dinheiro e elogios, aceitou dar aulas para o filhote, mas impôs uma condição: eu quero que vocês me ajudem a desmanchar essa impressão que todos têm de que gato e rato não podem ser amigos.
- Eu estou de pleno acordo – disse a ratona. Uma
proposta dessas só podia ter saído da boca de um bicho tão inteligente como o senhor!
Fizeram uma festa para comemorar a nova amizade e convidaram vários bichos para se juntarem a eles. No final da festa saiu cachorro abraçado com gata, rata com papagaio, tamanduá com formiga e galinha com raposo. Todos afir-mavam que inimizade era coisa do passado.
Já estão pensando em fazer um bloco, com todos os animais, para saírem no próximo carnaval.

O gato agora, divide as suas refeições com os ratos do armazém e todos vivem em paz.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 16/12/2010
Reeditado em 07/02/2014
Código do texto: T2675584
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