O BURRO QUE SE DISFARÇOU DE LEÃO
Um burro, cansado de trabalhar para um fazendeiro, resolveu fugir de casa. Assim que se viu liberto da pesada carroça que puxava, ele fugiu para a floresta. Andou por muito tempo sem saber o que fazer da vida. Escureceu. Como burro não é animal de floresta, ele ficou assustado com o barulho que vinha do interior da mata. No tronco de uma enorme árvore ele procurou abrigo para passar aquela noite. Dormiu. Ao acordar no dia seguinte, procurou o cocho onde o homem deixava a sua comida diária.
Não encontrou nada. E agora? Onde arranjar comida? Uma coruja branca, cuja casa era a árvore grande sob a qual o burro passara a noite, disse-lhe:
- Vá até as margens do rio, lá brota um capim verdinho e tenro. Antes de ir, burro, quero lhe pedir um favor: não durma mais debaixo da minha árvore. Você ronca demais e o seu ronco parece mais o urro de um leão furioso. Vá com Deus, burro! E a coruja partiu em busca de alimento para seus filhotes.
Então o burro foi procurar o rio. Caminhou muito e nada de rio. Viu um coelho apressado indo na direção oposta e perguntou.
- Amigo coelho, o rio está longe?
- Sim, amigo burro, está longe.
Ele continuou andando. O sol aquecia a floresta e o calor era muito forte. O burro, procurando sombra, entrou em um atalho para descansar. Avistou uma vegetação não muito alta que fazia uma sombra acolhedora. E lá foi ele aliviar a canseira de suas pernas. Ao chegar no local teve uma surpresa. Alguém deixara ali uma pele de leão e o burro teve uma ideia.
Já que a coruja disse que o ronco dele era como o urro de um leão enfurecido, que tal ele ser um leão? Vestindo aquela pele de leão, ele saiu urrando pela mata assustando os outros animais.
Chegou ao rio. A grama verdinha aguçou a sua fome e, para espanto dos outros bichos, aquele leão estranho começou a devorar o capim que crescia as margens do rio.
Comeu e bebeu sem ser incomodado. Agora sim, ele levaria vantagem em tudo. A noite procurava os lugares mais escuros para tirar a pele de leão e poder dormir tranquilamente.
Entre os animais corria a notícia do leão assustador que aparecera por ali.
- Neste nosso território não existe leão. – Disse um chimpanzé.
- Será que ele não veio de outro país? – Perguntou uma anta.
E resolveram marcar uma reunião com todos os animais, incluindo o leão, para desvendarem de vez o mistério.
Ficou decidido que alguns animais fariam perguntas e o falso leão responderia. Chegou o dia. Tudo pronto. O leão chegou e a sessão começou.
Veado – De onde vieste ó nobre leão?
Leão – Vim de terras longínquas.
Chimpanzé – Por que escolheste esta floresta que não é terra de leões?
Leão – É que depois de muito andar parei para descansar, porém, diante da beleza desta mata resolvi ficar. Alguém aí é contra a minha permanência aqui? Perguntou urrando forte.
Chimpanzé – Não somos contra. Somos a favor da sua ida para o lugar de onde veio. – Aí o burro sentiu um arrepio por baixo da pele de leão. E as perguntas continuaram.
Onça Pintada – esclareça uma coisa, nobre leão. Sendo o senhor um animal carnívoro, porque come tanto capim? Por que não sai à noite para caçar?
Leão – É porque eu sou um burro...
Percebendo que caíra na armadilha da onça pintada, ele saiu em desabalada carreira deixando para trás a pele de leão. Voltou mais tarde para a casa do fazendeiro e para sua pesada carroça.
MORAL: Não queira imitar os outros para não cair em ridículo.
(Histórias que contava para o meu neto)