CONTO DE NATAL: E O HOMEM SUMIU!

CONTO DE NATAL: E O HOMEM SUMIU!

Deus um dia cansou de ver tanta malcriação com a Mãe Natureza, o lado mulher de Deus. Todos sabem que Ele é tudo, então ele é Homem e Mulher; É o Pai, o Filho e o Espírito; Deus é também eu e você.

Ele fez uma reunião com ele mesmo, aliás, todas as reuniões de Deus são com ele mesmo. Às vezes por ele ser um Menino bonzinho, ele escuta a reclamações dos Planetas distantes e de outras formas de vidas mais antigas do que os humanos. Noutras ele se faz de sarça ardente em pleno deserto e usa sua voz de trovão. E ainda, quando ele esta incorporado em Erê peralta, Ele aparece no meio da bagunça como um vírus, um viruzinho besta que vai refrear a festa, mas isso ele só faz por peraltice.

Naquele dia em especial, Deus assuou o nariz com uma nebulosa; coçou o saco inexistente, criou uma religião nova aqui e ali, deu uma voltinha pelos infernos apenas para aquecer os pés e pensou:

“Que tal tirar os seres humanos da jogada?”

Imaginou as cidades sem ninguém, o deserto sem ninguém, os mares sem ninguém, as boates sem ninguém, os infernos e colônias espirituais sem ninguém. O Menino-Deus deu um sorriso e lembrou-se de um seriado humano de TV que uma linda bruxa torcia o nariz e se fazia de Deus, então Ele torceu o nariz e apagou os humanos.

Na mesma hora se fez um silencio gritante no universo, Deus escutou todas as ondas de todos os mares existentes, Ele escutou todas as asas de todos os seres alados e todas as barbatanas rasgando os mares, o balançar de todas as folhas. Não pense você que isso foi apenas na Terra, aliás, Deus nem gosta do nome de Terra para o seu planeta azul, Deus gosta do nome de Azulzinho. Nome mimoso para um planetinha colocado na distancia certa de uma estrela como trilhares de outras no Universo. Ele colocou planetas gigantes e gigantonas gasosas longe do planeta azul e do sol, para protegê-lo e uma linda lua para ajudá-lo a se regular. Este planeta para Deus é o Azulzinho, que está tão maltratado que parece um Cinzinha. Cinza é um planeta muito longe do Azulzinho que tinha lindos alados que assim como os humanos desenvolveram uma tecnologia e que também esqueceram que a natureza é outra face de Deus. Mas, como Deus não quis intervir de púrpura o planeta se tornou cinza e tudo nele morreu.

Então, Deus se fez por satisfeito e convocou uma reunião de todos os seres vivos que ainda habitavam no Azulzinho: peixes de todas as cores, mamíferos terrestres, alados e aquáticos, repteis, anfíbios, insetos, bactérias, protozoários, riquesias, vírus, plantas, fungos e todos os elementares que no Azulzinho ainda existia. Como não havia um lugar que todos pudessem estar ao mesmo tempo para decidir o que fazer a seguir, Deus coçou sua frieira no pé e criou uma dimensão poliplurimaterial e todos lá se entendiam

E Deus, na sua vaidade de mulher, enquanto pintava as unhas do pé perguntou:

“Quem quer evoluir?”

Foi uma algazarra que não tem tamanho.

O primeiro a falar foi o “Pan troglodythes” o famoso Chipanzé, uma linda fêmea com o seu filhote no colo. Ela veio andando de sapatos de salto alto, fumando um cigarro deixado para trás pelos humanos e falando:

“O mundo, regido por nós “Pan troglodythes”, será um lugar perfeito. Todas as criaturas serão submetidas as nossas vontades, pois como nos somos os parentes mais parecidos com os ex-donos da Terra, será uma transição fácil e indolor”

Nova algazarra, os “Pan paniscus” que tudo resolve com sexo e que são tão parecidos com os chipanzés, que às vezes nem sabemos quem é um e quem é o outro largou a brincadeira da reprodução e falou

“-Assim nos seriamos os donos do mundo, pois nos bonobos praticamos PAZ e AMOR, e põe amor nisso. Sem contar e que temos 99% de semelhança com os ex-dono da casa”

Foi uma explosão de risos.

Os gorilas, “Gorilla gorilla” queriam o poder, afinal fizeram par romântico com uma humana em King Kong. E todos os primatas falavam ao mesmo tempo. Ai Deus mostrando o seu lado sem educação solta um peido e na sua sonoridade pedia silencio.

Os repteis que sentiam os odores pela língua aproveitaram e escolheram a “Boa constrictor” como sendo a sua representante a D. Jibóia veio rastejando fazendo meio com que cara de nojo, e se envolvendo em Deus e usando seu olhar hipnótico foi falando:

“Nós somos as pobrezinhas da natureza, o homem escreveu a tal Bíblia cheia de ensinamentos, mas ele nos colocou as serpentes como as malditas, seduzindo Eva e fazendo ser expulsa do Paraíso, basta os senhores olhar no livro de Genesis!”

E todas as serpentes da reunião fossem terrestres ou marinhas e até outros seres parecidos como as enguias batiam a cabeça como sendo palmas. E aproveitando a oportunidade a Jibóia falou:

“E o Senhor lembra o que falaste?”

E o Deus que numa dessas parecia um velho carvalho de tão enrugado, mesmo sabendo onde isso ia dar falou ao balançar de suas folhas:

“Não, onde isso ira dar minha bela filha que devia ser advogada!”

E então a “Boa constrictor” esticando-se o Maximo possível recitou:

“Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida. Gêneses 3,14”. O senhor lembra-se disso? “E ainda por cima limpamos o mundo dos ratos essas pragas”

Mas antes que Deus em sua sabedoria de monte Everest pudesse falar todos os animais da família “rodentia” do Rattus rattus, tão negrinho ao lindo “Mus musculos” vulgo camundonguinho expressaram o seu descontentamento de ser chamado de praga.

E a Dona Jibóia desenrolou de Deus. Pedindo desculpas “as pragas”, falou que na sua evolução pediriam para ser vegetarianas.

E Deus caquético apenas observou.

Observava um vírus um rotavirus, o HIV se juntar e milhares, bilhares e trilhares e todos falando em uníssonos falaram:

“Quem devia evoluir para tomar conta do planeta somos nós, os Rotavirus, afinal somos letais e limparíamos o Azulzinho”

“Não”. Gritou de outro lado mais de um trilhão de outros vírus, os pobrezinhos influenzavirus. “Nós que devíamos evoluir, pois evoluímos e nos adaptamos de uma gripe fatal para uma gripe benéfica, que ativava o sistema de defesa do antigo dono do planeta, somos adaptáveis e não letais, apesar de que às vezes perdemos a razão”

E enquanto os vírus gritavam aqui e acolá, cada qual com o seu semelhante surge um exame de “Calliphora vomitória” a bela e azul varejeira, ela representava todos os insetos, ou pelo menos assim falava fazer, falou.

“Deussss por que não matassss todossss osssss animaisssss de sangue quente e ai tomaremossss conta desssssse planetinha”

“Basta de discussão e tanta baboseira!” gritou Deus.

Não se sabe de onde e nem por que, Deus falou meigamente como um sussurro do vento no ouvido dos apaixonados:

“Dona” “Fiber canadensis” venha ate aqui, preciso de sua ajuda.

E a pobrezinha da Castora que estava ali apenas a roer lasquinha pensou: que será que eu fiz? Será que serei punida? E mesmo no meio de uma síndrome de cólon irritado por causa de uma lasquinha que continha certa quantidade de “leite” se aproximou do senhor Deus que agora parecia um belo ancião todo nu feito de madeira e que pelo cheiro deveria ser de sândalos, se apresentou. E Deus na humildade de um por de sol na visão dos apaixonados falou:

“Dona Fiber canadensis, a senhora podia roer minha unha do pé? Ou até mesmo cortá-la? E que sei de sua pericia, mas em uma das minhas facetas tenho aflição que mexa em meu pé!”

E a Dona Castora começou a roer e nisso, todos os seres acharam que a eleita tinha sido escolhida. Um ser tão peludinho que vive a vida fazendo dique seria a escolhida.

E todos pensaram ao mesmo tempo:

“Queria ser útil como a “Fiber canadensis!”

E assim que ela terminou. Ele já não era mais de sândalos, e nem de madeira, parecia mais um elementar ou uma bactéria do ser tão complexo, mas ali estava ele em posição de estatua de Rodin, sentado imóvel sobre um cometa a pensar quem seria o novo Zelador do Azulzinho? E num suspiro ele gritou:

Dona Coccinella septempunctata deixe as formiguinhas em paz e venha até mim.

E ele na sabedoria de um espelho se moldou a um ser redondinho, todo vermelhinho e com pontinhos brancos e de uma beleza pouco apreciada.

Neste momento o sol parou, a lua parou o universo parou, e Deus Joaninha se encontra com a Dona Joaninha e Deus falou:

“Dona Joaninha...”

“Pode para por ai. Joaninha uma ova, sou espada. Dona Joaninha é a minha esposa que esta cuidando de nossos ovinhos”

E Deus corou como nunca tinha corado, ate parecia o planeta marte no crepúsculo

“Seu Coccinella septempunctata o Senhor e sua espécie aceita ser os dono planeta?”

E o Seu Joaninha com toda a sua honestidade de inseto, afastou a carapaça, sacudiu as asinhas e tomando fôlego perguntou:

“Deus, você fica ai mudando de forma e aspecto, mas sabe que dia e hora é agora na Terra?”

E o Senhor Deus mesmo contrariado por tão pequenino inseto, olha para o seu rolex e fala:

“Hoje seria o dia 24 de dezembro, o ano não importa para um ser imortal como eu e à hora terrestre seria 23h59min, por que ser tão vermelhinho e tão frágil fez tal pergunta?”

E a o Seu Joaninha, respirando fundo fala:

“É que daqui um minuto, o mundo estará celebrando o nascimento de um Deus menino, não importa que muitos veja na data apenas papel e presentes o que importa é que o Senhor num período de tempo lá trás olhou para o Azulzinho e percebeu que mesmo o ser humano, não tendo asas ou carapaças merecia uma chance. E que mesmo eu sendo um mero Joaninha eu acredito que o Senhor não faz nada por acaso.”

E Deus virou um grande olho no céu, para cada animal o olho era da sua espécie e Deus chorou, não apenas pelo Joaninha, mas por todos os seres vivos e criações do universo e enquanto a lagrima da esperança corria tudo voltava ao seu lugar.

E foi exatamente assim minhas lindas joaninhas que eu vovô joaninha salvei a humanidade... E espero que vocês tenham aprendido que Deus não tem forma, não tem predileção, Deus sabe tudo e aceita tudo, pois Deus te ama...

E que o NASCIMENTO DE DEUS BEBE não ocorre ou ocorreu apenas num dia, ele ocorre a todo o momento quando um ser vivo respeita outra ser vivo..

E vamos para a próxima rosa.

FELIZ NATAL E PROSPERO ANO NOVO.

André “Coccinella” Zanarella 23-11-2010