Catarina, o direito a infância lúdica
Catarina, o direito a infância lúdica
Em uma manhã como todas em sua vida Catarina se levantou da rede onde dormia, pegou um caneco de alumínio amassado encheu de água do pote, e foi escovar os dentes, com um dos dedos.
Enquanto passa o pequeno dedo com um pouco de pasta cremosa na boca, a menina olha para o quintal da casa onde vive com seu irmão uma tia e vários parentes. menina fica olhando uma galinha que corre atrás de seus pintinhos tentando juntá-los. A pequena criança fica ali por vários minutos, impressionada com os movimentos rápidos daquele animal. Dirrepente sente uma pancada na cabeça, era um dos primos já rapaz, que aos gritos mandava que ela saisse já do quintal, pois estava assustando as galinhas, e isso ia dificultá-las na hora de chocarem os ovos.
A menina que ainda estava um pouco sonolenta, assustada com os gritos saiu do quintal, e foi pentear os cabelos, com um pedaço de pente, que tinha achado na rua, depois calçou o chinelinho amarrado com arame e tentou desamassar a roupinha que havia dormindo, por sinal uma das poucas que tinha.
Catarina era uma menina de oito anos, que vivia com parentes, não tinha pai nem mãe. Ela era uma pessoa muito curiosa, e sempre estava metida em confusões. Por não ter instruções Catarina não sabia diferenciar o certo do errado, e assim não tinha noção dos perigos que corria em seu mundinho infantil.
Catarina queria estudar, mas não tinha tempo, porque tinha os afazeres de casa. Certa vez em um dos raros passeios, sua tia mandou que fosse ao mercado buscar condimentos, estava indo na rua do mercado quando avistou uma estrada que lhe parecia ir para um lugar bem longe, então ela se desviou do caminho do mercado, e foi andando por essa nova estrada.
Parecia que estava entrando em um novo mundo, tudo era diferente as pessoas que ela encontrava, perguntavam-lhe se queria comer alguma coisa, algumas casas estavam abertas e as mulheres lhe ofereciam coisas como roupa, sapatos e brinquedos.
Catarina então resolveu entrar em uma delas. Lá tinha uma senhora com aparência amável, que olhava para ela com um grande carinho, ela se chamava dona Maria, a mulher pegou-a pelo braço e a levou para uma sala linda, dizendo- entre minha querida, vou mandar trazer um refresco e um pedaço de pão com manteiga para você-, a menina logo se jogou no sofá macio que estava ali, então comeu o pão com o refresco.
Derrepente chegaram os filhos de dona Maria, e começaram a abraçar Catarina chamando-a para brincar no quintal, mas ela disse que tinha que voltar, pois estava indo para o mercado, as crianças pediram para ela ficar só um pouquinho e brincar com eles.
Catarina não resistiu e foi para o quintal. Aquele foi o dia mais feliz de sua vida. Brincou de todas as brincadeiras que pode: pega-pega, queimada, pula corda, casinha etc.
Mas derrepente ouviu novamente uma voz, que a chamava com gritos aterradores, era uma voz de pessoa grande, estava longe e cada vez chegando mais perto, mais perto e a voz dizia- Catarina menina preguiçosa, venha logo eu estou te chamando, anda lesma-, nesse momento os filhos de dona Maria se assustaram e correram no quintal cada um para um lado, dona Maria entrou em pânico tentando entender o que estava acontecendo, tentava juntar os filhos que estavam com medo daquela voz.
Então a menina virou-se para traz e viu seu primo, o dona da voz pavorosa, a menina acordou derrepente! Pois enquanto lava a boca e olhava para a galhinha adormecera, e sonhara com uma família, a que ela sempre quis, com muitos irmãos e uma mãe igual a galinha , que se preocupava tanto com o bem estar de seus pintinhos.
A menina então compreendeu que tudo não passava de um sonho, levantou - se, pois estava de cócoras e entre os berros de seu primo, guardou o copinho de alumínio amassado, mesmo sem comer nada, nos autos de seu oito aninhos, pegou o seu pequeno baldinho e foi buscar água em um riacho alguns kilometros dali, pois seu primo e toda a família já estavam de pé, e queriam água para seus afazeres higiênicos.
Catarina se pois a andar carregando o seu baldinho debaixo dos xingamentos de seus parentes, que a chamavam de preguiçosa.
A pequena órfã estava muito cansada de tanto andar indo, e voltando para levar água para seus parentes, então resolveu parar e descansar debaixo de uma árvore, então viu uma estrada e um caminho diferente e dessa vez não foi sonho, ela se desviou e entrou nessa nova estrada, nunca mais seus parentes viram Catarina.
Ela foi encontrada e leva parar em um abrigo para menores, e depois foi adotada por dona Maria. Mas derrepente ouviu uma voz...