Um menino luz
Rules já era grande, mas morria de medo do escuro.
Por mais que apertasse os olhos, o real era mesmo duro.
Batia-se contra parede
Batia-se contra janela
Podia morrer de sede
Mas nem lhe dava trela.
Certo dia percebeu que estava ficando pequeno
Sua mãe quase morreu
Proibiu de pegar mais sereno.
Pensou o que ia fazer da vida
E de todas as suas coisas
Suas camisas coloridas
E suas calças compridas.
De repente teve uma ideia:
Resolveu rasgar as fotografias
Decidiu, não queria platéia!
Preferiu atirar-se no vazio
O mundo dos solitários, podia nem ser tão frio.
Sim claro que era estranho ver tudo crescer assim
Enquanto ficava menor e menor, parece que chegaria ao fim…
Jogou fora metade dos guardados
Não queria magoar ninguém
Evitou os embaraços
Pra quase tudo disse amém!
Começou a notar uma pequena fresta
Lá no meio do relógio
Era uma luz que em festa
Mostrava um portal analógico
Entrou pelo portal
E gostou de tudo que viu
Ele era normal, igual a ele mais de mil
Meninos filhos da luz
Que alguns criam como filhos
Que são deixados num quebra-luz
Depois transformam-se em brilho.