JOÃOZINHO E A COBRA MORTA-VIVA
A expectativa era grande. Joãozinho estava ansioso para que o dia da viagem chegasse porque ele iria passar alguns dias na fazenda, sair da ‘prisão’ e usufruir da liberdade que tanto almejada.
Na fazenda iria andar no cavalo Mang, tomar banho no riacho, subir nas árvores, correr com o labrador Nico e quando chegasse à noite, sentaria próximo da fogueira que seu Ninhô iria acender. Assim, o fogo esquentaria os ossos dos velhos e aumentaria a alegria da criançada, espantando o frio; com espeto na mão, iria assar milho, batata, queijo coalho e até uma asinha de frango.
E quando o dia fechava os olhos, o carro da família entrava pelas porteiras. Parecia que até o carro sentia alegria, pensava Joãozinho. Por que não? Seu coração não estava saltando pela boca? Se os pais não tivessem segurado seus braços teria saído correndo. O intuito era um só: visitar as cocheiras para acordar os animais...Mas teria que se controlar e seguir todas as normas, se não...
Eram doze horas... Os empregados usavam a máquina para aparar a grama, Joãozinho curioso, espiando e... De repente, o empregado dá um pinote e uma cobra sai de dentro do capim. Rapidamente com uma paulada certeira dá fim a víbora. Joãozinho fica atento, olhando para o réptil cortado ao meio, cabeça esmagada... Todos voltam ao trabalho, esquecidos da cena anterior. Joãozinho não desgruda os olhos do bicho. Pegando uma vara, começa a cutucar o animal e ao perceber que ainda mexia, grita assustando todo mundo:
- Ô pai, a cobra morreu, mas tá viva!
O pai rindo, pergunta: ‘ Ô Joãozinho, ela morreu ou está viva? Se estiver viva, então não morreu...
Percebendo que todos mangavam dele, dá um muxoxo e revida:
-Ela tá morta, mas agora tá viva! Veja pai! Ela tá mexendo, e abrindo a boca pra mim. Fez até uma careta de raiva, pensando que fui eu que dei a paulada nela, mas eu nem dei bola e meti a vara na 'cara' dela!
Todos riam. O pessoal chegou para observar o menino que no alto dos seus seis anos parecia estar com raiva e desejava que todos acreditassem no que ele dizia. Quanto mais falava, mas o pessoal mangava.Para surpresa da platéia intrometida, Joãozinho, pegou a cobra com a vara e marchando firme, colocou a morta-viva sobre a mesa onde estava o almoço.