UMA AVENTURA NA TERRA DO QUEIJO

Lá, na Terra do Queijo,

Aconteceu a história

Que agora vamos contar:

Depois de se casar

Com a bela rata Ritinha

D. Ratão sabia que tinha

Responsabilidade e dever

De cuidar muito bem

Da esposa e dos futuros filhos.

Do amor de Ratão e Ritinha

Nasceram duas ratinhas

Que eram duas florzinhas.

Dom Ratão fazia de tudo

Para sustentar a família

Trabalhando, noite e dia,

Na fábrica do rato Topetudo.

Honesto e bom funcionário,

Ratão teve do seu patrão

O reconhecimento e foi premiado

Com um dia de lazer

No famoso parque da Terra do Queijo,

Que de conhecer tinham desejo

As duas formosas ratinhas,

Florência e Tininha.

Chegou o dia da viagem.

Com as malas prontas

As ratinhas estavam tontas

De alegria e emoção.

Chegaram à estação de trem

Da sua cidade, Ratolândia,

E num canto viram alguém:

Era Roque, o ratinho da Groelândia.

Dom Ratão e Ritinha

Ficaram felizes e contentes,

Pois conheciam de muitas festinhas

A família do ratinho Roque.

E entraram todos, em algazarra, no trem.

As ratinhas chamavam Roque aos gritos:

- Vem, Roque! Senta aqui, vem!

O trem partiu ao som do terceiro apito.

A viagem foi maravilhosa.

Chegaram à Terra do Queijo.

Tininha com um chapéu rosa,

Desceu mandando um beijo

Para os outros ratinhos presentes na estação.

Depois saíram juntos.

Nas carinhas brilhava a emoção

Ao verem florestas, casinhas, carruagens

E personagens famosos na terra dos ratos

Em seus belos castelos, tudo feito de queijo.

Agora sim eles iam brincar

De balanço e escorregar

No parque que fazia até adulto sonhar.

Deixando os pais reunidos,

Lá se foram Florência, Roque e Tininha

Entrar em uma filinha

Para brincar na roda gigante,

No trem fantasma e chapéu mexicano,

Carrinho bate-bate e balanço

Montanha russa e carrossel:

- Sou forte e não me canso.

Dizia aos gritinhos o ratinho Roque.

Os três amiguinhos na maior emoção

Foram escorregar num escorregador

Feito de queijo parmesão.

E Roque não resistindo

Quis morder o brinquedo,

Mas Tininha, atenta, foi logo falando:

- Roque não seja bobo,

Se comer o brinquedo

Como vamos nos divertir?

Concordando com a amiga

Roque e as duas ratinhas

Escorregaram até caírem

Bem em cima de um branquinho

Queijo mineiro salgadinho

Que servia de amortecedor.

Foi neste instante que os três

Avistaram a enorme montanha

Toda de queijo suíço:

- É de perder o juízo!

Exclamou o ratinho Roque.

E foram escalar a montanha.

- Quem vai à frente?

Perguntou Florência contente

Na sua doce inocência.

- Eu! Gritou o ratinho Roque.

Os três começaram a escalada:

Mãos num buraco e pés em outro

Foram subindo cuidadosamente

Aquele enorme queijo suíço.

Ao chegarem à metade,

Isso não é mentira é verdade,

Ouviram um grito e por isso,

Fizeram silêncio para ouvir

Melhor e de onde vinha

O gritinho que fez Tininha

Dizer: - Acho que alguém vai cair!

Olharam para o alto do enorme morro

Viram que havia uma fenda estreita

E era dali que vinha

O pedido nervoso de socorro.

Os três amigos subiram um pouco mais,

E deslocando-se para a esquerda

Da montanha de queijo suíço

Chegaram bem perto da fenda.

Foi então que o ratinho Roque

Gritou: - Quem está aí?

A resposta veio com um suspiro de dor:

- Sou eu, Pablito, o gato escalador.

- E o que faz um gato

Na terra dos nobres ratos?

- Eu só queria brincar...

Respondeu Pablito a se lamentar.

Meu Deus, um gato

Invadindo terra de rato!

Era o maior perigo,

Um imenso castigo

Para os amiguinhos indefesos,

Que agora sentiam o peso

Do que seria uma imprudência

Subir aquela montanha amarela

Sem a presença de seus pais.

Enquanto pensavam ouviam os ais,

Os apelos e os gritos

Do assustado gatinho Pablito.

Disse Tininha: - E se for uma armadilha?

Eu, que de um rato sou filha,

Posso ser atacada por esse esquisito

Bichano que não é bem quisto

Na comunidade dos ratos.

Será que os pais tinham razão?

“Enfrentar bichano não é mole, não.”

Mesmo assim os três amigos

Resolveram tirar do perigo

O gatinho desvalido.

Foram os ventos fortes

Que jogaram o gatinho

Naquela fenda, onde sozinho,

Apelava para os gatos santinhos

Que fizessem um pequeno milagre,

Não o abandonasse à própria sorte.

E surgiram aqueles ratinhos valentes

Gritando com toda força:

- Sossega, nós vamos salvá-lo gatinho!

Fique bem no cantinho,

Pois já estamos bem pertinho.

Mostre-nos o seu pezinho

Para sabermos o seu tamanho.

Pablito esticou a patinha,

E Tininha que estava assustadinha

Exclamou: - É um filhote como nós!

Subindo dois buracos à esquerda

Chegaram bem perto da fenda.

- Agora quero que entenda –

Disse ao gatinho o rato corajoso-

- Quero que a pata direita estenda,

Crave as unhas da esquerda na parede da fenda,

E quando eu disser um, dois, três,

Puxá-lo-ei de uma vez.

Enquanto isso no parque

Corria a incrível notícia:

Um bichano, o maior que havia,

Chegou para acabar com a alegria

Dos ratos ali presentes.

E foi um alvoroço, uma correria,

Uma enorme gritaria

De ratos procurando os filhos.

A multidão, desenfreada, corria

Em direção da montanha de queijo,

Pois era ali que se escondia,

Segundo a rata Maria,

O “bichanão” como ela dizia,

Que viera acabar com a nação dos ratos.

Querendo se certificar do fato,

Puxava a multidão o pai de Roque

Preocupado com a segurança do filho.

Ao som de militar tambor,

E o coração cheio de temor,

Acompanhado por um rato policial

Ele chegou ao local

Do estranho acontecimento

No exato momento em que Roque,

Com toda força que tinha,

Puxava, ajudado pelas ratinhas,

Para o buraco onde estavam

O choroso gatinho Estevam

Tremendo de tanto medo

De rolar pela profunda fenda

Da montanha de queijo suíço.

Os pais das ratinhas chegaram

Bem no auge do reboliço

E ainda viram as filhas

Amparando o gato, o velho inimigo.

- Meu Deus, não pode ser!

Exclamaram Ratão e Ritinha

Juntando-se aos pais de Roque

E a multidão que aplaudia

Com palmas e muitos beijos

O feito que ficou na história

Da boa Terra do Queijo.

Descendo, gato e ratos, da montanha

Gritou para o pai a ratinha Florência,

Com toda a sua inocência:

- Papai, nós salvamos um gatinho

Que estava em perigo, coitadinho!

O silêncio foi total.

Os ratos ficaram pensativos

E concordaram com uma coisa:

Para as crianças não há essa de inimigo.

Na hora do perigo as diferenças,

Todas as desavenças

Devem ser esquecidas,

O importante é salvar a vida.

15/08/10

(histórias que contava para o meu neto)