UMA FLORESTA DESENCANTADA

Era uma vez uma floresta

Cheia de magias e encantos

Que, misteriosamente, passou

Por maldições e desencantos.

E tudo teve início

Quando o astro Sol

Ignorou o tempo

E atrasou o arrebol.

Daí por diante

Tudo ali deu errado:

Voltou a ser um sapo

O Príncipe Encantado,

E o seu cavalo branco

Em mula se transformou,

Saiu em disparada

E numa pedra tropeçou,

Caiu de cara no chão

E de dores se contorceu,

Pois quebrou o pescoço

E sua cabeça perdeu.

- Uma coisa preciso falar

Antes que eu me esqueça:

Hoje o cavalo é chamado

De Mula Sem Cabeça!...-

E os mistérios daquela noite

Não pararam por aí:

Outra vítima das tragédias

Foi o moleque Saci.

Ele, inexplicavelmente,

Um acidente sofreu

Numa roda de capoeira

E uma perna perdeu.

Outro fato muito estranho

Vou contar-lhes agora,

Aconteceu no meio da noite

Com o indígena Caipora:

O rapaz de cabelos ruivos

Foi dormir, como sempre faz,

E ao acordar pela manhã

Seus pés estavam para trás.

Mas isso não lhe foi tão ruim,

Pois tem lá os seus valores:

Ele usa sua deficiência

Para despistar os caçadores

Que vendo suas pegadas

Saem à caça do danadinho,

Mas na hora de regressarem

Não encontram o caminho.

E nem mesmo os mortais

Escaparam da maldição

Que se espalhou pela floresta

Em meio à escuridão.

Vejam só o que aconteceu

Com quem só quis ajudar

Os seres encantados

Que viviam naquele lugar:

O poeta destes versos,

Que de todos sente dó,

Também foi afetado

E hoje tem um olho só.

Mas nem este fato

O deixou triste e aflito,

Pois tudo isso é lenda

E toda lenda vira mito.

Joésio Menezes
Enviado por Joésio Menezes em 27/07/2010
Código do texto: T2402014
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