Meu pé de mamona
Meu pé de mamona
Eduardinho, oito anos, dono de um coração gigante, revelara sua última paixão a sua família.
- Me sinto um menino muito feliz, tenho uma mamona grande e muito bonita.
A família, ria às escondidas. Todos os dias ele tinha o maior trabalho de pegar água no quintal e levar para o canteiro, onde tinha brotado o pé de mamona branca. Chegava da escola, largava a pasta em qualquer lugar e saia correndo para ver sua querida mamona. Os meses foram se passando e o pé de mamona cresceu, atingiu quase um metro e setenta ficou bem alto. Estava carregado de frutinhos verdes e com aqueles espinhos. Eduardinho comentava com sua vizinha: - Veja Dona Alice como está bonita minha mamona. Quando eu crescer quero ter muita terra para plantar, vou fazer uma plantação de mamonas que vai causar inveja a todos, só de ver!
Dona Alice nada respondeu, em sua sabedoria de sexagenária experiente, deve ter adivinhado que as crianças são muito bondosas, mesmo aquelas que têm muito amor no coração. Mas quando se tornam adultos. (Vamos deixar isso para lá).
Eduardinho tinha um irmão, o Paulinho, e uma irmã Mariazinha. Seus irmãos também tinham suas plantas preferidas. O Paulinho tinha uma ameixeira ainda jovem, que um dia, ainda daria seus frutos, e a irmã, que gostava de flores, e era muito ansiosa, se contentava em ver desabrochar todas as semanas novos beijos brancos e rosados. A vizinha havia lhe ensinado como essas flores tão bonitinhas, se reproduzem rapidamente. Quando florescem, depois dão tipo uns botões que quando maduros, ficam cheios de sementes. É só esparramar pelos canteiros e pronto. Logo florescem. O canteiro estava cobertos de beijos brancos e rosados. E lá, mais um pouco adiante, ficava o pé de mamona branca do Eduardinho.
Certo dia após a volta da escola, Eduardinho, entrou em pânico, largou a pasta em cima do canteiro, saiu pisando as coitadinhas das outras plantas, inclusive os beijos de Mariazinha. Sua mãe só ouviu o grito forte: - Não, a minha mamona não!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Quem foi o malvado que matou minha mamona?
Mãe, isto não pode ter acontecido. Em lágrimas, estava abraçado ao pé de mamona. Chorava desesperado.
Suas mãe, aos poucos explicou que a mamona, não tinha sido morta por ninguém. O pé tinha ficado tão alto que a terra ao redor, no canteiro, não foi suficiente para conter as raízes com sua força no crescimento. Era um pé de mamona enorme, quase gigante. O menino custou muito a acreditar na mãe. E jurou abraçado com o pé de mamona, já murcho que iria fazer um grande canteiro de mamonas. Deu adeus a sua querida mamona branca. (Os irmãos não fizeram comentários, mas achavam exagerado o choro de uma tarde inteira, e tanto sentimento por um pé de mamona). A história ficou na família.
Muito tempo depois, Mariazinha, estava passando férias no sítio, com seu filho pequeno, e o resto da família. Quando viu o Sr. Valdomiro com sua retroescavadeira, para lá e para cá, arrancando qualquer vegetação que encontrasse no meio do caminho, pois estava tentando abrir uma rua, para fazer um condomínio pequeno. Fez um pequeno comentário ao vento: - Ah que saudades dos outros tempos. Se Eduardinho visse o que o Sr. Miro está fazendo ia gritar. Meus pés de mamona, não! Parecia ainda ouvir o choro de seu irmãozinho.
Ela saiu da varanda, desceu a grande rampa que dava até a outra parte do sítio e tentou convencer o Senhor Miro para não atacar os pés de mamona, pois aquela parte do sítio era tão bonita, coberta pelos pés de mamona e umas florzinhas silvestres que ficavam ao longo da cachoeira. Senhor Miro respondeu sorrindo: - Se preocupa com seu irmão, não. Estas mamonas, ele mandou derrubar tudo. Tem mais ele me falou que se pudesse e conhecesse uma fórmula química qualquer, colocaria na terra, para não nascer nem mamonas e mais nada também.
Mariazinha silenciou, e ficou triste, em saber que seu irmão, agora detestava qualquer vegetação, pois além de ter realizado seu sonho de infância de morar em uma grande área que pudesse ter plantas, e árvores, ele mesmo agora mandava derrubar para lotear, construir, vender.
Publicado no Recanto das Letras
Aradia Rhianon
Meu pé de mamona
Eduardinho, oito anos, dono de um coração gigante, revelara sua última paixão a sua família.
- Me sinto um menino muito feliz, tenho uma mamona grande e muito bonita.
A família, ria às escondidas. Todos os dias ele tinha o maior trabalho de pegar água no quintal e levar para o canteiro, onde tinha brotado o pé de mamona branca. Chegava da escola, largava a pasta em qualquer lugar e saia correndo para ver sua querida mamona. Os meses foram se passando e o pé de mamona cresceu, atingiu quase um metro e setenta ficou bem alto. Estava carregado de frutinhos verdes e com aqueles espinhos. Eduardinho comentava com sua vizinha: - Veja Dona Alice como está bonita minha mamona. Quando eu crescer quero ter muita terra para plantar, vou fazer uma plantação de mamonas que vai causar inveja a todos, só de ver!
Dona Alice nada respondeu, em sua sabedoria de sexagenária experiente, deve ter adivinhado que as crianças são muito bondosas, mesmo aquelas que têm muito amor no coração. Mas quando se tornam adultos. (Vamos deixar isso para lá).
Eduardinho tinha um irmão, o Paulinho, e uma irmã Mariazinha. Seus irmãos também tinham suas plantas preferidas. O Paulinho tinha uma ameixeira ainda jovem, que um dia, ainda daria seus frutos, e a irmã, que gostava de flores, e era muito ansiosa, se contentava em ver desabrochar todas as semanas novos beijos brancos e rosados. A vizinha havia lhe ensinado como essas flores tão bonitinhas, se reproduzem rapidamente. Quando florescem, depois dão tipo uns botões que quando maduros, ficam cheios de sementes. É só esparramar pelos canteiros e pronto. Logo florescem. O canteiro estava cobertos de beijos brancos e rosados. E lá, mais um pouco adiante, ficava o pé de mamona branca do Eduardinho.
Certo dia após a volta da escola, Eduardinho, entrou em pânico, largou a pasta em cima do canteiro, saiu pisando as coitadinhas das outras plantas, inclusive os beijos de Mariazinha. Sua mãe só ouviu o grito forte: - Não, a minha mamona não!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Quem foi o malvado que matou minha mamona?
Mãe, isto não pode ter acontecido. Em lágrimas, estava abraçado ao pé de mamona. Chorava desesperado.
Suas mãe, aos poucos explicou que a mamona, não tinha sido morta por ninguém. O pé tinha ficado tão alto que a terra ao redor, no canteiro, não foi suficiente para conter as raízes com sua força no crescimento. Era um pé de mamona enorme, quase gigante. O menino custou muito a acreditar na mãe. E jurou abraçado com o pé de mamona, já murcho que iria fazer um grande canteiro de mamonas. Deu adeus a sua querida mamona branca. (Os irmãos não fizeram comentários, mas achavam exagerado o choro de uma tarde inteira, e tanto sentimento por um pé de mamona). A história ficou na família.
Muito tempo depois, Mariazinha, estava passando férias no sítio, com seu filho pequeno, e o resto da família. Quando viu o Sr. Valdomiro com sua retroescavadeira, para lá e para cá, arrancando qualquer vegetação que encontrasse no meio do caminho, pois estava tentando abrir uma rua, para fazer um condomínio pequeno. Fez um pequeno comentário ao vento: - Ah que saudades dos outros tempos. Se Eduardinho visse o que o Sr. Miro está fazendo ia gritar. Meus pés de mamona, não! Parecia ainda ouvir o choro de seu irmãozinho.
Ela saiu da varanda, desceu a grande rampa que dava até a outra parte do sítio e tentou convencer o Senhor Miro para não atacar os pés de mamona, pois aquela parte do sítio era tão bonita, coberta pelos pés de mamona e umas florzinhas silvestres que ficavam ao longo da cachoeira. Senhor Miro respondeu sorrindo: - Se preocupa com seu irmão, não. Estas mamonas, ele mandou derrubar tudo. Tem mais ele me falou que se pudesse e conhecesse uma fórmula química qualquer, colocaria na terra, para não nascer nem mamonas e mais nada também.
Mariazinha silenciou, e ficou triste, em saber que seu irmão, agora detestava qualquer vegetação, pois além de ter realizado seu sonho de infância de morar em uma grande área que pudesse ter plantas, e árvores, ele mesmo agora mandava derrubar para lotear, construir, vender.
Publicado no Recanto das Letras
Aradia Rhianon