A Floresta que Canta

A FLORESTA QUE CANTA

PEÇA TEATRAL EM UM ATO

DE: Wagner Criso

Personagens:

- Zequinha ( o menino)

- Sr. Pé de Jatobá

- Dona Árvore

- Dona Cegonha

- Bruxo Babão

(Registrada na Fundação Biblioteca Nacional – Ministério da cultura)

(Nº registro: 181.358 – Livro 308 – Folha 12)

CENÁRIO:

Trecho de floresta. (Um tronco de árvore caído e folhas secas espalhadas pelo chão. O Sr. Pé de Jatobá e a Dona Árvore completam o cenário. Ao abrir a cortina, estão em cena o Sr. Pé de Jatobá, a Dona Árvore e a Dona Cegonha.)

Sr. Pé de Jatobá

(Parado no mesmo lugar, espreguiça-se) – AAAhhh! Que lindo dia! (Pausa) – Bom dia Dona Árvore.

Dona Árvore

(Também parada, espreguiça-se) – AAAhhh! Bom dia Sr. Pé de Jatobá.

Sr. Pé de Jatobá

- Bom dia Dona Cegonha!

Dona Cegonha

(Que estava deitada próxima do tronco levanta e se espreguiça.) – AAAhhh! Bom dia Sr. Pé de Jatobá, bom dia Dona Árvore!

Dona Árvore

Bom dia Dona Cegonha!

Sr. Pé de Jatobá

- Bom dia, dia. Bom dia alegria...

Os três

(Juntos para a platéia) – Bom dia crianças.

Dona Árvore

- Sr. Pé de Jatobá, o Sr. Reparou quanta criança bonita está aqui hoje?

Sr. Pé de Jatobá

- É Dona Árvore, hoje a floresta está ainda mais alegre. A Senhora não acha Dona Cegonha?

Dona Cegonha

- Acho! Com tanta criança bonita assim, da vontade de brincar! (Pausa) – De brincar só não. De cantar e dançar também! (Para Dona Árvore e o Sr. Pé de Jatobá) – Venham, vamos dançar e cantar. (Dança e canta) – Lá... lá... lalá... lá... lá.

Dona Árvore

- Ora Dona Cegonha, não seja boba. Onde já se viu árvore dançar?

Sr. Pé de Jatobá

- É mesmo dona Cegonha, como vamos poder dançar se nem eu, nem a Dona Árvore podemos sair do lugar?

Dona Cegonha

- Como vocês são bobos! Vocês esqueceram que nós vivemos em um mundo de fantasias? A nossa liberdade de falar, cantar e até poder dançar, está na imaginação das crianças!

Dona Árvore

- Mas nem o Sr. Pé de Jatobá, nem eu, nunca saímos do lugar!

Sr. Pé de Jatobá

- É mesmo. Desde que éramos apenas sementes, nós nunca saímos daqui! Passam horas, dias e anos e continuamos sempre no mesmo lugar!

Dona Cegonha

- mas vocês podem. É só acreditar! (Puxa Dona Árvore pelo “braço”) – Vem, vamos dançar.

Dona Árvore

- Não sei se posso!

Dona Cegonha

(Puxa o Sr. Pé de Jatobá pelos “braços”) – Vem Sr. Pé de Jatobá.

Sr. Pé de Jatobá

- Não sei se devo!

Dona Cegonha

- É claro que vocês podem e devem! (Pergunta a platéia) – Vocês acham que eles devem cantar e dançar comigo crianças? (Pausa) – Estão vendo? As crianças querem que vocês brinquem comigo!

Dona Árvore

- Vamos tentar Sr. Pé de Jatobá?

Sr. Pé de Jatobá

- Não custa tentar! (Ao saírem do lugar,se abraçam e falam juntos.) – Iupi... Conseguimos. Estamos andando!

Dona Cegonha

- eu não disse? Agora vamos brincar. (Dão-se as mãos, cantam e dançam)

“Hoje vamos viver um sonho

Vamos brincar, pra vocês cantar.

(Só a Dona Árvore) Eu me chamo a Dona Árvore,

Dou muitas flores,

Pro mundo enfeitar!

(Só o Sr. Pé de Jatobá) Eu me chamo Pé de Jatobá,

Quando a tristeza vem,

Vou correndo brincar!

(Dona Cegonha) Eu me chamo a Dona Cegonha,

Tenho prazer em cantar,

E crianças levar!

(Todos, 3 vezes) Lá... lá... lá...lá, lá... lá... lá...

Lá... lá... lá...

Zequinha

(Grita, fora de cena) - Socorro... Socorro...

Sr. Pé de jatobá

(Assustado) - Quem gritou?

Dona Árvore

(Assustada) - Não sei, mas também ouvi.

Dona Cegonha

– Voltem logo para seus lugares. (voltam para os lugares que iniciaram).

Sr. Pé de Jatobá

- Vem Dona cegonha, esconda atrás de mim. (Dona Cegonha se esconde)

Zequinha

(Entra correndo, veste como filho de camponês. Se esconde atrás da Dona Arvore. Pausa. Aparecendo.) - É acho que o Bruxo Babão desistiu de me Perseguir.(Anda pelo palco, senta no tronco da árvore.) - Ufa! Quase que o Bruxo Babão me pega dessa vez. Ainda bem que ele não agüenta correr! (olha em sua volta.) - Ué, eu não conhecia essa parte da floresta. (Anda pelo palco) - como tudo é tão belo por aqui. Como será que chama esse lugar?...

Sr. Pé de jatobá –

(Imóvel) - A floresta que canta.

Zequinha

(Assusta-se e esconde atrás da dona árvore.) - Quem foi que falou?

Dona Árvore

(Também imóvel.) - Foi o Sr. Pé de Jatobá.

Zequinha

(novo susto. Corre e tenta se esconder abaixando-se atrás do tronco de árvore caído ao chão) – quem falou agora?

Sr. Pé de Jatobá e Dona Árvore

(juntos. Imóveis) – Fomos nós!

Zequinha

– Nós quem?

Dona Cegonha

(Aparecendo.) - Não tenha medo, nós somos amigos.

Zequinha

- (Assustado.) - Quem é você?

Dona Cegonha

- Eu sou a Dona Cegonha. E esses são: (Indica) - o Sr. Pé de Jatobá e a Dona Árvore. E você, como se chama?

Zequinha

- Eu me chamo Zequinha.

Sr. Pé de Jatobá

– Muito prazer Zequinha.

Dona Árvore

– Muito prazer Zequinha.

Zequinha

(Ainda escondido parcialmente.) - Muito prazer!...(Espantado.) - Vocês falam?

Sr. Pé de Jatobá

– Não só falamos como também cantamos e dançamos.

Zequinha

(Sai de trás do tronco.) - Mas eu nunca vi árvores, nem animais que falam.

Dona árvore

¬- É que nós não somos árvores nem animais comuns...

Dona Cegonha

- Vivemos em um mundo de fantasias, e com a força da imaginação das crianças, podemos vencer o mau simplesmente cantando.

Zequinha

– Vocês podem fazer qualquer coisa?

Sr. Pé de Jatobá

– Quase tudo! É só acreditar, que todos os sonhos vão se realizar e pronto, eles se realizam.

Zequinha

(senta no tronco.) - Eu queria ser assim!

Dona Árvore

– Assim como?

Zequinha

– Assim, como vocês eu queria realizar meus sonhos.

Dona Cegonha

– Mas você pode. É só acreditar.

Sr. Pé de jatobá

(Indo a Zequinha.) - Quer ver como podemos ajudar a realizar seus sonhos?

Zequinha

(Assustado.) - Mas árvores não podem andar...

Dona Árvore

(Saindo do lugar) - Podemos sim!

Dona Cegonha

– Tudo podemos se acreditarmos que podemos. Venha Zequinha, vamos cantar para o mal espantar.

Zequinha

- Mas eu não sei cantar, nem dançar.

Sr. Pé de Jatobá

(Estende as “mãos“) - Nós te ensinamos, vem.

(Dão – se as mãos cantam e dançam).

(Todos.) “Viemos aqui

Pra sorrir e brincar

Fazer amiguinhos

Sonhar e cantar.

Se a tristeza chegou

É só nos chamar

Espantamos o mal

Com o prazer em cantar”

(3 vezes) Lá... lá... lá... lá... lá... lá...

Lá... lá... lá... lá... lá... lá...

(Quando terminam de cantar, o Sr. Pé de Jatobá e a Dona Árvore voltam as suas posições. Zequinha senta no tronco de árvore.)

Sr. Pé de Jatobá

– O que foi Zequinha? Não gostou de brincar conosco?

Zequinha

– Não é isso não!

Dona Árvore

– E o que é então?

Zequinha

– É que foi tão divertido brincar com vocês, que me da vontade de chorar.

Dona Cegonha

– Chorar? Por quê?

Zequinha

– Porquê daqui a pouco, o Bruxo Babão vem atrás de mim, e eu terei que fugir.

Sr. Pé de Jatobá

(Treme de medo) - Você disse Bruxo Babão? Aquele bruxo malvado que pega criancinhas indefesas e inocentes?

Zequinha

– Esse mesmo!

Dona Árvore

– Ele pega criancinhas e as obriga trabalhar de graça para ele na mina de carvão que tem.

Dona Cegonha

– Como é malvado esse Bruxo Babão!

Zequinha

- Desde que ele me pegou, não posso nem brincar mais. È só trabalhar... Trabalhar... e trabalhar, o dia inteirinho.

Sr.Pé de jatobá

– Como é mau esse bruxo. Onde já se viu, Proibir uma criança de brincar.

Dona Árvore

– Temos que ajudar o Zequinha a derrotar esse bruxo.

Dona Cegonha

– Mas como? Ele é muito poderoso!

Sr. Pé de Jatobá

- Ele é poderoso, mas é um só! Enquanto nós além de sermos quatro, contamos ainda com a ajuda das crianças. (Pergunta á platéia:) - Não é mesmo crianças?

Bruxo Babão

- (Fora de cena, chama:)- Zequinha... Ô Zequinha...

Zequinha

(levanta assustado) - È o Bruxo Babão, tenho que fugir.

Dona Árvore

– Espera Zequinha, não precisa fugir. Nós te esconderemos.

Dona Cegonha

– È mesmo Zequinha, esconda atrás do Sr. Pé de jatobá, que vou me esconder atrás da Dona Árvore.

Zequinha

– Mas e se ele me encontrar?

Sr. Pé de Jatobá

– Ele não vai te encontrar venha logo. (Zequinha se esconde atrás do Pé de Jatobá e Dona Cegonha atrás da dona árvore. Entra o Bruxo Babão, vestido de Bruxo, com uma enorme capa preta e um bastão nas mãos, onde se apóia para andar).

Bruxo Babão

– Zequinha, cadê você menino? Minha mina de carvão está parada e com ela parada eu não ganho dinheiro. (chamando:) - Zequinha... Zequinha... Ô Zequinha. (Enquanto chama olha a sua volta e faz careta.) - Que lugar horroroso! Eu nunca estive por estes bandas! Como são feias estas árvores! Nem pra virar carvão devem servir, não servem para nada! (olha de repente para platéia.) - E vocês? O que estão olhando? Nunca viram um bruxo elegante como eu não? (Resposta da platéia.) - criançada boba! Vocês sabem com quem estão falando? Pois eu sou o grande Bruxo Babão, o Sr. Dono da mina de carvão! Todas as crianças que pego são obrigadas a trabalhar de graça para mim!(Da gargalhadas, para no meio da cena, canta e dança desengonçado).

“Vou pegar meu bastão,

Vou cantar a canção.

Quando pegar o Zequinha,

Vou bater no pestinha,

Me chamam de babão

E de Bruxo malvado.

Quando pego um menino,

Lhe dou logo um trabalho.”

(3 Vezes) Lá... lá... lá... lá... lá... lá...

Lá... lá... lá... lá...

Bruxo Babão

(Pergunta a platéia.) - Gostaram criançada boba?(Pausa) - Ora vocês não sabem de nada... (Dona Cegonha espirra.) - Quem foi que espirrou?...(Indo em direção da Dona Árvore.) Quem está ai?(Dá uma volta em Dona Árvore. Dona Cegonha acompanha o passo, sempre se escondendo.) -Acho que estou ouvindo coisas! Não parece ter ninguém por aqui!... (Pergunta a platéia.) - Vocês sabem se tem alguém escondido por aqui?... (Pausa) - É por isso que eu não gosto de criança, uma esconde a outra... E querem saber do mais? Eu vou é atrás do Zequinha. E quando pegar o pestinha, ele vai se arrepender de ter fugido de mim! (Dar gargalhadas e fala para a platéia: ) - E vocês podem esperar depois que eu pegar o Zequinha, voltarei pra pegar todos vocês e os levarei para trabalharem na minha mina de carvão! (finge avançar na platéia, depois esconde o rosto com a capa e sai, dando gargalhadas.)

Zequinha

(Saindo de trás do Pé de Jatobá.) - Vocês ouviram? É por isso que tenho de viver fugindo!

Sr.Pé de jatobá

– Esse Bruxo Babão é mesmo malvadão!

Dona Árvore

– Se pudesse, transformava esse bruxo em pedra!

Dona Cegonha

– Quê isso Dona Árvore? Nós Não devemos combater o mal, fazendo mal. Apesar de tudo temos sempre que fazer o bem sem olhar a quem!

Dona Árvore

- Eu sei, mas é que às vezes não da pra segurar!...

Zequinha

(Triste.) - Foi muito bom ter conhecido vocês, mas eu tenho que ir embora agora!(Vai sair.)

Sr. Pé de Jatobá

- Espere Zequinha, vamos pensar em um jeito de te ajudar.

Dona Cegonha

– Mas o que faremos? (Zequinha senta no tronco, Dona Árvore e o Sr. Pé de Jatobá ficam como que pensando e a Dona Cegonha caminha pelo palco pensativa.)

Dona Árvore

– Já sei... Já sei... Vamos esconder o Zequinha toda vez que o Bruxo Babão aparecer.

Sr. Pé de Jatobá

– Não, isso não adianta, o Bruxo Babão vai acabar descobrindo!

Zequinha

– E tem mais, eu preciso voltar para casa, minha mãe deve estar preocupada!...

Dona Cegonha

– Já sei, e se nós segurássemos o Bruxo Babão, enquanto o Zequinha foge.

Dona Árvore

– Isso também não adianta, o Bruxo Babão é muito forte e poderoso!

Zequinha

– Acho que não tenho saída. O único jeito é me entregar ao Bruxo Babão!

Sr. Pé de Jatobá

– Isso nunca! Ele vai te castigar!...

Dona Cegonha

(Pula de alegria.) - Já sei... Já sei...

Dona Árvore

– Fala logo criatura.

Dona Cegonha

– Vocês se lembram daquela fada que esteve aqui na floresta outro dia?

Sr. Pé de Jatobá

– Lembramos! Mas o que Tem isso?

Dona Cegonha

– É que ela havia perdido a varinha mágica de condão, eu achei e a devolvi para Dona Fada.

Zequinha

- E o quê isso tem a ver comigo?

Dona Cegonha

– É que a Dona Fada ficou tão agradecida, que me prometeu ajuda, caso precisasse...

Dona Árvore

– Já entendi você vai pedir ajuda a Dona Fada, para derrotar o Bruxo Babão?

Dona Cegonha

– Exatamente!...

Sr. Pé de Jatobá

– Mas a Dona Fada é uma fada muito ocupada! E se ela não puder vir?

Dona Cegonha

– Se ela não puder vir, pedirei a ela que me ensine uma mágica para derrotar o terrível Bruxo Babão.

Zequinha

– Será que essa tal Dona Fada vai querer nos ajudar?

Dona Árvore

– É Claro que sim Zequinha. É só acreditar, e você será salvo desse bruxo malvado.

Sr. Pé de Jatobá

– O que a senhora está esperando Dona Cegonha? Vá logo encontrar a Dona Fada.

Dona Cegonha

– Já vou! E vocês dois tomem conta do Zequinha até eu voltar heim.

Dona Árvore

– Deixe conosco, agora vá logo!

Dona Cegonha

(Saindo.) - Não se preocupem, eu voltarei com ajuda! (sai correndo.)

Zequinha

(Ainda sentado.) - Será que a dona Cegonha vai conseguir ajuda com a Dona Fada?

Sr.Pé de Jatobá

– Claro que vai, a Dona Fada é uma fada muito boa.

Dona Árvore

– não se preocupe Zequinha, contra a mágica da Dona Fada, nem o Bruxo Babão tem poder!

Zequinha

–Mas até a Dona Cegonha voltar, eu vou ficar com medo.

Dona Árvore

– E enquanto a Dona Cegonha não volta que tal cantarmos algo?

Sr. Pé de Jatobá

– É mesmo. Vem Zequinha, vamos cantar para o medo espantar. (Dão – se as (mãos) cantam e dançam.)

“Vamos cantar

Para o medo espantar.

Dona Cegonha se foi,

Para a fada buscar.

Se a fada não vier,

Algo ela vai mandar.

Vai ensinar Dona Cegonha

Como o bruxo derrotar.”

(3Vezes) Lá... lá... lá... lá... lá... lá...

Lá... lá... lá... lá.

Zequinha

(Soltando as (mãos) das árvores.) - A Dona Cegonha está demorando!

Sr. Pé de Jatobá

(Volta a sua posição.) - Vai ver a Dona Fada não pode vir e está ensinando uma mágica para a Dona Cegonha.

Dona Árvore

(Já de volta a sua posição.) É, e aprender a fazer mágica, é demorado!

Zequinha

– E se o Bruxo Babão aparecer?...

Bruxo Babão

(Que entrou sorrateiramente. Surpreende Zequinha que tenta fugir e é seguro pelo bruxo, Dona Árvore e o pé de Jatobá Ficam imóveis.) - Ahá, pensou que podia fugir de mim a vida inteira né?

Zequinha

(Susto. Tremendo de medo.) - Eu já ia voltar, seu Bruxo Babão!...

Bruxo Babão

– Não ia voltar coisa nenhuma! Mas agora você não foge mais! (gargalha e de repente para.) -Espera ai... Quando entrei você estava conversando com alguém! Quem era???

Zequinha

– Não... Eu não estava conversando com ninguém!

Bruxo Babão

(com raiva) Você pensa que mim engana é? Pois agora vou por um feitiço em você, que vai paralisá-lo para sempre. Ahá... Há, há, há, há. (Solta Zequinha que fica tremendo de medo. Levanta o bastão e fala o feitiço.)

“Pena de urubu.

Casco de tatu

Fique imóvel seu pestinha,

Não me venha com gracinhas.

Você vai ser enfeitiçado,

Como estátua fique parado.”

(Encosta o bastão em Zequinha, que fica paralisado.) - Ahá... há, há, há... como eu sou malvado...

Sr.Pé de Jatobá

(Imóvel.) - Você não tem vergonha de ser tão malvado não seu Bruxo Babão.

Bruxo Babão

(Assusta –se e cai no chão, perto da Dona Árvore.)

- Aí... Quem foi que falou?

Dona Árvore

– Fomos nós seu bruxo feioso.

Bruxo Babão

(Novo susto, esconde atrás do tronco.) - Aí...Eu devo esta ficando louco,não tem ninguém aqui e eu estou ouvindo vozes.

Sr. Pé de Jatobá

– Além de malvado, o babão também é bobão...

Dona Árvore

(Ainda imóvel.) - O Bruxo Babão é bobão... O Bruxo Babão é bobão...

Bruxo Babão

(Com raiva, sai de trás do tronco sem saber ainda com quem esta falando.) - SeTiver coragem apareça.

Sr. Pé de Jatobá

– Deixa de ser bobão seu Bruxo Babão. Somos nós que estamos falando. (Dançam no mesmo lugar para se mostrarem ao bruxo.)

Dona Árvore

– Estamos aqui, seu Bruxo feioso.

Bruxo Babão

(Espantado.) - Credo... Que coisa feia... Eu, eu nunca vi árvore falar!

Dona Árvore

– Feio é você, seu bruxo malvado.

Bruxo Babão

– Ah é? Pois agora eu vou fazer um feitiço e vou paralisar vocês para sempre. (Dá gargalhadas e fala o feitiço.)

“Pena de urubu”.

Casco de tatu

Fiquem imóveis danadinhas

Não me venham com gracinhas.

Vocês serão enfeitiçados.

Como estátuas fiquem paradas.”

(Aponta o bastão para as árvores.) - Ué falhou? (Tenta várias vezes.) - Acho que o bastão está com defeito...

Sr.Pé de Jatobá

– Que defeito que nada, você não sabe que esse seu feitiço de araque, só funciona em criancinhas indefesas?

Bruxo Babão

(Sem graça.) - Ih, é mesmo!...

Dona Árvore

– Pegue o Bruxo Babão, Sr. Pé de Jatobá. Tome o bastão dele.

Sr. Pé de Jatobá

(Avançando.)- Me dê esses bastão, Bruxo Babão.

Bruxo Babão

(Espantado.) Credo, eu nunca vi árvore andar!(Noutro tom.) - Fique aí sua árvore feia. Que além de ser bruxo, também sei lutar karatê heim! (Faz Gestos de luta atrapalhadamente. Dá um (tapa) no Sr. Pé de Jatobá e machuca a mão.) - Ai... Ai... Ai...

Dona Árvore

– Pegue ele Sr. Pé de Jatobá, pegue ele...

Sr. Pé de Jatobá

– Deixa comigo! (Persegue o bruxo pelo palco.)

Bruxo Babão

(Fugindo) - Fique onde está... Fique onde está... (Sai de cena correndo. O Sr. Pé de Jatobá Volta a sua posição.)

Dona Árvore

– Esse Bruxo Babão não é de nada mesmo!

Bruxo Babão

(Aparecendo.) - Vocês não perdem por esperar! Vou em casa preparar um novo feitiço para derrotar todos vocês! (Gargalhadas.)

Sr. Pé de Jatobá

(Finge que vai pegar o bruxo.) - Ora seu Bruxo teimoso...

Bruxo Babão

(Grita e sai de cena correndo.) - Eu voltarei!...

Dona Árvore

(Sorri.) - Que bruxo boboca.

Sr. Pé de Jatobá

– Ah se eu pusesse as mãos nele...

Dona Árvore

– Mãos?... O Sr. Quer dizer galhos né? (sorrisos.)

Sr. Pé de Jatobá

(Para de rir e vai até Zequinha.) - Zequinha... Zequinha... Acorde vai. (Para Dona Árvore:) - Ele não pode se mexer. (Fica Triste.)

Dona Árvore

– Ele está enfeitiçado. (Choraminga.)

(BLACK OUT; PAUSA; LUZ.)

Dona Cegonha

(Entra correndo. Trás mãos um saquinho.) - Zequinha... Zequinha. Seus problemas acabaram!... (quando vê a cena triste pergunta) – O que aconteceu com o Zequinha?

Sr. Pé de Jatobá

– O Bruxo Babão esteve aqui...

Dona Árvore

– Ele enfeitiçou o Zequinha, mas o Sr. Pé de Jatobá pôs o bruxo pra correr! (Perguntou a platéia:) - Não foi Crianças?

Dona Cegonha

– É verdade, Sr. Pé de Jatobá?

Sr.Pé de Jatobá

(Triste.) - O Feitiço dele não pega em nós...

Dona Cegonha

– É mesmo. (Sorri.)

Dona Árvore

(Ainda Triste.) - Dona Cegonha Com pode sorrir com o Zequinha Enfeitiçado?

Dona Cegonha

- É que a Dona Fada, me ensinou a fazer uma mágica que anula qualquer feitiço!...

Sr. Pé de Jatobá

– E que Mágica é essa?

Dona Cegonha

– é só jogar este pozinho na pessoa enfeitiçada, dizer algumas palavras, e pronto o feitiço desaparece!...

Dona Árvore

– Então tire logo o feitiço do Zequinha...

Dona Cegonha

– É pra já. (Joga o pozinho em Zequinha e fala a mágica:) -

“Carinho de criança,

Beijo de anjinho.

Tire logo do feitiço

Zequinha nosso amiguinho.

Plim... Lim... Pim... Pim... Pim... Pim.”

Zequinha

(Saindo do feitiço.) - O que aconteceu?

Sr. Pé de Jatobá

– O Bruxo Babão enfeitiçou você...

Dona Árvore

– E a Dona Cegonha, Tirou o Feitiço...

Dona Cegonha

– Foi Dona Fada que me ensinou...

Zequinha

– Então estou livre?

Sr. Pé de Jatobá

– Está. (todos Comemoram.) Iupe!...

Bruxo Babão

(Que entrou sorrateiramente.) – Mas não Por muito tempo. Ahá... Há... Há...Há.

Sr. Pé de Jatobá

– Corra Zequinha, Esconda atrás de mim. (Zequinha se Esconde.)

Bruxo Babão

- Pode se esconder, que de nada vai adiantar. Com meu novo feitiço, até as crianças da platéia eu vou paralisar!... Ahá... há... há... há.

Dona Árvore

- Deixa de ser bobão seu bruxo babão!

Bruxo Babão

– Babão né? Agora vocês vão ver. (Levanta o bastão e fala o feitiço:) -

“Pena de aranha,

Asa torta de morcego.

Paralise todos eles,

Pra eu ter um pouco de sossego.”

(Aponta o Bastão, Tenta varias vezes.) - Ué, falhou de novo?

Sr. Pé de Jatobá

– O Bruxo Babão é um bobão. (Todos Sorriem.)

Dona Cegonha

– Agora é a minha vez! (Vai até o Bruxo.)

Bruxo Babão

(Assustado.) - O que a senhora vai fazer?

Dona Cegonha

– Vou ensinar ao senhor como se faz uma mágica! (Joga o pozinho no bruxo e fala:)

“O Bem sempre vence o mau,

Até mesmo no mundo animal.

Transforme o Bruxo Babão,

Em um bruxo bom.”

Plim... Lim... Pim... Pim... Pim... Pim.

Bruxo Babão

– A senhora acha que sabe fazer mágica sua Cegonha boba?(Dá gargalhadas. De repente começa a se coçar.) - O que é isso?... O que está acontecendo comigo? (cai e fica tremendo no chão, até ficar imóvel.)

Zequinha

(Saindo de trás do Pé de Jatobá.) - O Que terá acontecido com o Bruxo Babão?

Dona Árvore

– Será que ele morreu? (Todos se aproximam do bruxo)

Sr. Pé de Jatobá

– Será Que ele está fingindo?

Dona Cegonha

– Não se preocupem. É só o bem vencendo o mau.Daqui a pouco ele acorda. (Todos ficam olhando o bruxo.)

Bruxo Babão

(Acorda, mas não se levanta.) - O que aconteceu? Quem são vocês ?

Dona cegonha

– eu sou Dona Cegonha e esses são meus amigos, a Dona Árvore,O Sr. Pé de Jatobá e o Zequinha, Que está escondido.

Bruxo Babão

– Por falar em Zequinha... (levanta - se. Todos voltam as suas posições Zequinha se esconde atrás do Sr. Pé de Jatobá)

Sr. Pé de Jatobá

– O que o senhor quer com o Zequinha?

Bruxo Babão

– É que estou me lembrando de um monte de crianças que são obrigadas a trabalhar, em uma mina de carvão aqui perto.

Dona Árvore

- E o Sr. Não sabe de quem é essa mina não?

Bruxo Babão

– Não, eu não sei... Ah, se soubesse. Deve ser de uma pessoa muito malvada!

Dona Cegonha

– E é! Por falar nisso, como o Sr. Se chama???

Bruxo Babão

– Eu não consigo me lembrar... Não sei por que, mas não devia ser um nome bonito.

Sr. Pé de Jatobá

– Por que o Sr. Está dizendo isso?

Bruxo Babão

(Olhando a roupa e o Bastão.) - Pela Roupa que estou vestindo e o bastão, eu devia se um bruxo malvado.

Dona Árvore

– E é mesmo. Você é um Bruxo muito malvado.

Bruxo Babão

– Eu sou um bruxo malvado?

Dona Cegonha

– Você obriga as crianças trabalharem de graça em sua mina de carvão.

Bruxo Babão

– Eu sou o dono da mina de carvão???

Sr. Pé de Jatobá

– Vem dizer que o senhor Não se lembra?

Bruxo Babão

- Não, eu não me lembro de quase nada!

Dona Árvore

- Do Zequinha o Senhor não se lembra?

Bruxo Babão

– Zequinha... Que Zequinha?

Sr. Pé de Jatobá

– Ora, o menino que o senhor obriga a trabalhar em sua mina de carvão.

Dona Cegonha

– Não só obrigava como queria bater nele também.

Bruxo Babão

– Nossa... Eu era malvado assim?

Todos

(Juntos.) - Era!

Bruxo Babão

– Preciso mudar isso logo. Vou Começar libertando todas as crianças que trabalham em minha mina de carvão... Quero Dizer: - Minha ex – mina de carvão.

Dona Árvore

– Quer dizer que o senhor agora é bonzinho?

Bruxo Babão

– É claro que sou! (Chama Zequinha que o observava de trás do Sr. Pé de jatobá.) - Você que é o Zequinha? (Zequinha faz que sim.) - Venha cá, não tenha medo.

Zequinha

(Saindo e indo em direção ao bruxo.) - O senhor não vai me fazer mal, vai?

Bruxo Babão

– É Claro que não! Venha cá. (Estende as mãos.)

Dona Cegonha

– Pode ir Zequinha.

Zequinha

– O Senhor está bem?

Bruxo Babão

– Claro que estou. (Abraça Zequinha.) - Zequinha, a partir de agora você esta livre e nunca mais vai ter que trabalhar naquela mina de carvão.

Zequinha

– Oba! Estou Livre... Obrigado seu Bruxo Babão...

Sr. Pé de Jatobá

– Não Zequinha, ele não é mais o Bruxo Babão!

Dona Árvore

– E quem é ele agora então?

Bruxo Babão

– Esperem...Esperem, estou me lembrando o meu verdadeiro nome. Eu me chamo José.

Dona Cegonha

– Que tal Chamarmos o senhor de Tio Zezé?

Bruxo Babão

– É Gostei! De Hoje em diante eu serei o Tio Zezé.

Sr. Pé de Jatobá

- Tio Zezé, nós gostamos muito de cantar. O senhor Quer cantar conosco?

Bruxo Babão

– Quero sim! (Dão – se as mãos cantam e dançam.).

“ O sonho acabou ,

Tudo voltou ao normal.

O Bruxo Babão,

Que era mal ficou bom.

A tristeza se foi,

As Flores levantam.

A paz reina agora,

Na floreta que canta.

(3Vezes) Lá... lá... lá... lá... lá... lá...

Lá... lá... lá... lá.

Bruxo Babão

(Soltando – se das árvores, que voltam a seus lugares.) – Foi muito bom brincar com vocês! Mas agora eu tenho que ir, está ficando tarde e daqui a pouco vai escurecer. Preciso libertar as crianças que estão trabalhando na mina de carvão.

Zequinha

– Tio Zezé... Posso ir com o senhor?

Bruxo Babão

– Claro Zequinha. Vamos que eu te deixo em casa!

Zequinha

– Espere, só vou me despedir dos meus amiguinhos. (Abraça o Pé de Jatobá.) - Obrigado por tudo senhor Pé de Jatobá, até logo!

Sr. Pé de Jatobá

– Até logo Zequinha e volte sempre.

Zequinha

(Abraça Dona Árvore.) - Muito Obrigado e até logo Dona Àrvore.

Dona Árvore

– Até logo Zequinha e volte sempre.

Zequinha

(Abraça Dona Cegonha.) - Muito obrigado e até logo Dona Cegonha.

Dona Cegonha

– Até logo Zequinha e volte sempre que quiser brincar.

Zequinha

– Eu sempre virei brincar com vocês. (Para platéia.) - Até logo crianças.

Bruxo Babão

– Vamos Zequinha, está ficando tarde.

Zequinha

– Vamos. (Dão-se as mãos. Vão sair.)

Sr. Pé de Jatobá

– Tio Zezé, o senhor não está esquecendo nada não?

Bruxo Babão

(Voltando.) - É mesmo, como sou distraído. (Despedindo – se.) - Até logo senhor Pé de Jatobá... Até logo Dona Árvore... Até logo Dona Cegonha. (Para platéia.) - Até Logo Crianças.

Todos

– Até logo Tio Zezé.

Sr. Pé de Jatobá

– Tio Zezé, Volte sempre que quiser brincar.

Bruxo Babão

(Saindo Com Zequinha.) - Eu voltarei para brincar com vocês. (Sai de cena.)

Dona Árvore

(Choramingando.) - Até que enfim, tudo terminou bem!

Dona Cegonha

– É mesmo. (Vai até o tronco e esconde o pacotinho de pó.) - Vou guardar o resto do pó mágico, caso precise derrotar outros bruxos.

Sr. Pé de Jatobá

(Espreguiça –se) Aaahhh! Que sono. Não demora e vai escurecer! Vamos dormir que amanhã começa tudo e novo.

Dona Árvore

– Será que amanhã vai aparecer outra criança precisando de ajuda?

Sr. Pé de Jatobá

– sempre haverá crianças precisando de ajuda. E nós sempre estaremos aqui para ajudar.

Dona Cegonha

– Enquanto existir crianças, sempre haverá esperança. E sempre o bem vencerá o mau. (Deita – se perto do tronco. Todos os três para platéia.) - Até logo crianças.

(BLACK OUT)

(CORTINA)

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