LING LING LÉ E A CHICÓRIA

Lá vem a Maria da Glória

Com a cabeça cheia de história

Para contar à amiga Victória

Que não gosta de chicória.

Era uma vez..., começou ela,

Uma sementinha amarela

Da cor de tinta de aquarela

Plantada e cercada por tela

Pelo chinesinho Ling Ling Lé.

Ele regava e cuidava com fé

Da semente que dormia ao sopé

Dum morro no Tremembé.

A semente agradecida

Disse à terra querida:

- quero conhecer quem lida

Alimentando-me a vida.

E a terra permitiu.

Um pequeno brotou surgiu

E Ling Ling Lé então abriu

Um sorriso na manhã de abril

Quando chegou para cuidar

Da semente que ia dar

Alimento para a fome acabar

E fazer forte ficar

A criança que a folha comer.

Estou feliz por ver -

Disse ele com a voz a tremer –

Como forte tu irás crescer

E a mesa de todos abastecer.

Com as vitaminas farás desenvolver

Cabeças que irão entender

As lições que vão receber.

Por isso te chamarei de chicória.

Para todos contarei a tua história

Provando que a luta inglória

Contra a desnutrição só terá vitória

Se o sistema alimentar mudar.

Muita verdura ao almoço juntar

Também pode comer no jantar

E muito suco de fruta tomar.

Enquanto Ling Ling Lé falava

Uma folha por vez brotava

Daquela sementinha que ele amava,

E o canteiro todo ela forrava

De verde que alimenta a vida,

Gerado no ventre da terra fendida

Que nos dá a comida pedida

Sem fazer disso uma dívida.

Victória enternecida ficou.

Disse:sabedoria o chinês demonstrou,

Por isso,amiga, inclinada eu estou

A comer o que ele plantou!

01/09/06.