para alice, com carinho.
cara alice,
há muito nao a vejo e sinto falta dos chás de feliz desaniversários e dos tragos junto a largata. sempre sonho com o sorriso maroto do gato de Cheshire. às vezes saio por aí pintando as rosas de carmim, outras vezes roubo as rosas que ja estao pintadas. a vida anda tao corrida quanto o sr coelho e hoje nao tenho mais tempo de sair por aí seguindo o desconhecido e curioso. com tanta correria é dificil perceber que nós crescemos assim de repente como se tivéssimos apenas comido um pedaço de cogumelo ... sim alice, eu cresci e nao adianta morder a parte contrária, isso nao vai me trazer de volta. os livros todos continuam na estante e é bem verdade que a quantidade cresce a cada dia, mas agora os autores sao outros, sao sérios... nao mais aqueles de outrora risonhos, insensatos, hostis a tudo e a todos, agora é preciso argumentação e rimar amor com dor nao vale mais tanta coisa. alice, segui a estrada de tijolos amerelos e nao cheguei a lugar algum. bem, nunca soube extamente aonde chegar, mas aí que está, a sensação que eu tenho é que a estrada que eu tomei parece nao ter fim... entao, estou num sempre caminhar! sinto falta do chapeleiro, sinto falta de diná... a rainha de copas nao me assusta mais e ela que mande cortar todas as cabeças! alice, sai do mundo maravilhoso pra nao mais voltar, deixei por la tanta coisa, meus poemas, minha caixinha de lembranças tirstes e alegres, meu punhal, minha lua crescente... deixei também todas as histórias sem sentido que tanto me alegravam, porque agora eu finalmente entendi e nao tem graça alguma.