O ANIMAL DE ESTIMAÇÃO

A professora mandou os alunos fazerem uma redação sobre o seu animal de estimação.

Carlos escreveu sobre o cachorro que é mais velho do que ele e que é muito querido.

Silvia contou a história do gatinho abandonado que ela levou para casa.

Saulo discorreu sobre o cavalo que ganhou de seu avô.

Assim, cada uma das crianças fez a sua redação e a professora mandou que uma a uma, fossem lá na frente e lessem o seu relato para os colegas.

Quando chegou a vez da Marilda ela começou:

- Meu animal de estimação é um sapo.

- Um sapo?! exclamaram todas as crianças ao mesmo tempo.

- Silêncio! pediu a professora. Deixem a Marilda continuar.

Uma noite, ouvimos, de repente. Um grito na cozinha:

- Uaauuuuuuuu!

Meus pais correram para lá pensando que seria no mínimo uma cobra que assustara a empregada, talvez até uma onça!

Quando viu o sapo minha mãe agarrou-se no meu pai e gritou:

- Uuuiiiiiiiiiii!

Meu pai que é muito corajoso pegou a vassoura, varreu o bicho pra fora e fechou a por-ta.

Todos foram dormir, mas eu fiquei com pena do coitadinho, lá fora naquele frio, levantei devagarzinho e fui pé ante pé, peguei o sapo e levei para o meu quarto.

- Vou cuidar direitinho de você, disse a ele.

Para minha surpresa ele respondeu:

- Você é uma boa menina e eu também vou ser muito bonzinho. Não vou incomodar nin-guém.

E o sapo ficou morando no meu quarto,

De manhã eu o coloco dentro da gaveta para ninguém vê-lo e de tardezinha quando to-dos já estão se preparando para recolher-se eu o tiro de lá e a gente fica conversando.

Logo ficamos íntimos. Eu contei a ele todos os meus segredos e ele contou-me a sua história.

Ele não foi sempre um sapo.

Era um moço muito bom e muito bonito chamado Arlindo.

Aconteceu, porém, que ele apaixonou-se pela filha do rei e este não queria o casamento porque ele não era príncipe e era pobre.

Por isso mandou prendê-lo.

Mas a princesa gostava muito dele e ia, escondido do pai, vê-lo na prisão.

Quando o pai soube disso mandou chamar uma bruxa que o transformou em um sapo.

A princesa ficou muito triste, mas prometeu que quando o efeito da magia acabasse ela o ela iria buscá-lo onde ele estivesse, eles se casariam e iriam para muito longe onde o pai dela não pudesse encontrá-los.

Quando Marilda acabou de ler, os colegas exclamaram:

- Você está mentindo!

- Não, disse a professora, ela está não está mentindo. Está contando uma história. As histórias não precisam ser verdadeiras

- Mas o que contei é verdade mesmo, protestou a Marilda.

- Bem, se você quer que as pessoas acreditem em uma coisa que não é verdade, isto é mentir e mentir é muito ruim.

- Não é mentira, teimou a Marilda.

A sineta tocou. A professora encerrou a aula e não voltou mais ao assunto.

Mas os colegas não esqueceram e estavam sempre amolando a garota, perguntando pelo Sap-Arlindo.

- Vocês não acreditam? Pois vamos lá em casa que eu mostro o sapo encantado pra vocês.

E um dia um grupo de meninas resolveu ir a sua casa para desmascará-la.

Marilda estava segura de si. Levou as colegas ao seu quarto, fechou a porta e abriu a gaveta.

O sapo não estava lá, é claro, mas ela não perdeu o requebrado:

- Ele foi embora! Acho que a magia acabou e a princesa veio buscá-lo.

Correu à janela, abriu a cortina e apontou para as colegas boquiabertas:

- Olhem! Lá vai ele com a princesa.

As meninas olharam na direção apontada por Marilda e todas viram um casal de jovens cavalgando um cavalo alado desaparecendo entre as nuvens.

Maith
Enviado por Maith em 11/03/2010
Código do texto: T2133560